Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de agosto de 2024
No último sábado, o fisiculturista amazonense Antônio Souza, de 26 anos, sofreu uma parada cardíaca e morreu logo após participar de uma competição em Santa Catarina. Segundo sua esposa, Yone Silva, o atleta tomou diuréticos antes do torneio para acelerar a perda de líquidos do corpo e “secar”, deixando os músculos mais aparentes.
“Vamos partir para a pesagem. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. ‘Seco nós está’, né? Pela cara já dá para perceber”, chegou a declarar o fisiculturista, que treinava há 10 anos, em publicação nas redes sociais antes de competir.
Yone disse que Souza “estava muito desidratado” e que havia tomado diuréticos. “Muito seco, infelizmente. Isso é um esporte viciante e ao mesmo tempo competitivo. Antônio era muito focado nesse esporte”, lamentou a esposa. Mas quais o que são os remédios, quais seus riscos e por que eles podem levar a problemas cardiovasculares?
Os diuréticos são remédios utilizados para o tratamento da hipertensão arterial e da insuficiência cardíaca. Eles atuam nos rins, intensificando o fluxo urinário e favorecendo a eliminação do sódio, substância que eleva a pressão, e da água de um modo geral. Dessa forma, reduzem a quantidade de fluido que circula pelas veias e artérias, o que também faz com que a pressão diminua, segundo informações da Mayo Clinic, nos Estados Unidos.
Graças a esse mecanismo, que elimina a retenção de líquidos, um dos efeitos secundários conhecidos dos diuréticos é a redução do inchaço no corpo, o “secar”. Por isso, os medicamentos são por vezes utilizados de maneira inadequada com a finalidade estética – o que é contraindicado por autoridades médicos pelos riscos desse uso.
Quando não tomados com indicação médica e seguindo as recomendações de um profissional, há riscos que vão desde a desidratação até os cardíacos mais graves. Isso porque, afirma a Mayo Clinic, com a intensificação do fluxo urinário, o corpo pode perder mais água e sódio do que deveria, além de uma outra substância importante, o potássio.
“Os diuréticos podem causar níveis muito baixos de potássio, chamados de hipocalemia. A hipocalemia pode causar problemas de batimento cardíaco com risco de vida”, cita a organização de saúde americana. Isso acontece porque o potássio é um mineral essencial que atua diretamente na contração muscular, como a do coração, e na manutenção dos níveis de fluidos dentro das células.
Em entrevista ao jornal O Globo, a nefrologista Lilian Carmo, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fez um alerta sobre esses riscos:
“Potássio baixo pode levar a arritmias e parada cardíaca. Já a falta de sódio é capaz de provocar convulsões e quadros neurológicos, como dormência e AVC. Também há o risco de desidratação, é claro. Porque, se a pessoa faz algum tipo de exercício, vai perder muito mais líquido do que deveria, sendo que isso já seria naturalmente administrado pelo organismo, caso os rins estejam funcionando normalmente.”
De acordo com a Mayo Clinic, outro efeito colateral do uso inadequado de diuréticos é a gota, um tipo de artrite que se forma quando o ácido úrico se acumula e forma cristais em uma articulação. Como os diuréticos reduzem o volume de fluido no corpo de um modo geral, o líquido restante fica mais concentrado com substâncias como o ácido úrico, por isso esse risco é elevado.
Além disso “alguns tipos de diuréticos também dificultam a eliminação pelos rins de uma parte do ácido úrico chamada urato. Quando menos urato deixa o corpo, o risco de gota aumenta”, continua a Mayo Clinic.
Há ainda o risco de desenvolver problemas como tontura, dores de cabeça, cãibras musculares (devido à falta de potássio) e disfunção erétil.
No Ar: Pampa Na Madrugada