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Por Redação Rádio Pampa | 18 de março de 2022
Uma pesquisa encomendada pela Associação Americana de Alzheimer mostrou que cerca de 4 a cada 5 pessoas desconhecem o termo Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), condição que afeta até 18% dos idosos com mais de 60 anos e pode ser um sinal precoce para o diagnóstico do Alzheimer.
De acordo com o relatório recém-publicado pela associação com dados e informações sobre a doença, a condição é caracterizada por mudanças sutis na memória e no fluxo de pensamento, e deve crescer com o envelhecimento da população e o aumento no número de idosos.
“O comprometimento cognitivo leve é muitas vezes confundido com o ‘envelhecimento normal’, mas não faz parte do processo típico de envelhecimento. Distinguir entre problemas cognitivos resultantes do envelhecimento normal, aqueles associados ao CCL e aqueles relacionados ao CCL devido à doença de Alzheimer é fundamental para ajudar os indivíduos, suas famílias e médicos a se prepararem para tratamentos e cuidados futuros”, defende a diretora científica da Associação Americana de Alzheimer, Maria Carrillo, em comunicado.
O CCL é considerado um estágio inicial da disfunção cognitiva, quando a perda de memória ou da capacidade é sutil. Isso leva a esquecimentos, principalmente, mas pode também afetar áreas como a atenção, as noções de espaço e a própria comunicação. Os sinais, ainda que sejam leves e não comprometam a maioria das atividades diárias, podem ser suficientes para que sejam percebidos por pessoas próximas.
Segundo a nova publicação da Associação Americana de Alzheimer, estima-se que cerca de um terço das pessoas que apresentam um diagnóstico de CCL como um sintoma inicial da doença de Alzheimer evoluem para um quadro de demência em até cinco anos.
Para entender o nível de conhecimento sobre o diagnóstico na sociedade, a organização encomendou uma pesquisa, com mais de 2.400 adultos e 801 médicos de cuidados primários. Mais de 80% dos participantes relataram ter pouca ou nenhuma familiaridade com o diagnóstico de CCL. No entanto, depois de informados sobre o quadro, mais de 40% disseram estar preocupados em desenvolver a condição como um sintoma de Alzheimer no futuro
Ainda assim, os sintomas foram interpretados como “envelhecimento normal” por 55% das pessoas entrevistadas, uma confusão considerada preocupante pela associação.
A pesquisa mostrou também que a grande maioria dos americanos, 85%, preferem descobrir a doença ainda nos estágios iniciais, mas apenas 40% disseram que procurariam um médico caso tivessem sintomas de CCL.
“Compreender e reconhecer o comprometimento cognitivo leve devido à doença de Alzheimer é importante porque oferece uma oportunidade precoce de intervir no progresso da doença de Alzheimer. Embora atualmente não haja cura para o Alzheimer, intervir mais cedo oferece uma oportunidade de gerenciar melhor a doença e potencialmente retardar a progressão durante um período em que os pacientes estão funcionando de forma independente e mantendo uma boa qualidade de vida”, acrescentou Maria Carrillo.
Além do Alzheimer, o CCL pode ter causas reversíveis, como uma deficiência vitamínica, a privação de sono, distúrbios neurológicos, efeito colateral de um medicamento, entre outros. Por isso, é importante recorrer a um especialista que possa identificar os motivos que levam ao quadro, e se pode de fato ser uma suspeita de Alzheimer.
Combate à demência
Hoje, no Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) estima que há 1,5 milhão de pessoas vivendo com a doença. Um estudo epidemiológico de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Queensland, na Austrália, publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia em 2021, mostrou que, até 2050, os casos de Alzheimer podem quadruplicar na população brasileira caso medidas de saúde não sejam adotadas.
Além disso, no último ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta em que afirmou que o mundo está falhando no combate à demência — que tem como uma das principais causas a doença de Alzheimer — e destacou que o diagnóstico pode alcançar 139 milhões de pessoas em 2050.
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