Domingo, 22 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 12 de dezembro de 2022
A eliminação do Brasil na Copa do Catar trouxe uma consequência diferente em relação aos últimos fracassos desde 2006. Nunca antes os próprios jogadores e a rede de apoio que os cerca, entre amigos, familiares, profissionais do futebol, fez uma blindagem tão grande, ao mesmo tempo expondo através das redes sociais e humanizando a derrota.
Em tempos de preocupação com saúde mental no esporte individual, a Seleção Brasileira, que não tem qualquer tipo de trabalho psicológico, foi obrigada a lidar de forma improvisada com a sensação de fracasso e os julgamentos desses tempos rasos, em que se ataca as pessoas por traz de uma tela.
Cada jogador e membro de comissão técnica conseguiu traduzir em palavras seus sentimentos, mas não necessariamente entender como lidar com ele. Foi o caso de Neymar, principal nome da equipe, que desatou a falar tão logo o Brasil perdeu para a Croácia nos pênaltis. Em 48 horas, o camisa 10 desabafou na internet, agradeceu ao técnico Tite, compartilhou conversas com o zagueiro Marquinhos e reforçou o apoio ao jovem Rodrygo – os dois que perderam pênaltis nas quartas de final.
“Eu te conhecia como treinador e já sabia que era muito bom mas como pessoa você é MUITO MELHOR! Você me conheceu e sabe quem eu sou e isso é o que importa pra mim… Venho aqui abertamente te agradecer por tudo, todos os ensinamentos que o senhor nos deu”, afirmou o camisa 10 para o técnico. Os demais atletas também se mobilizaram em defesa de Tite.
No desembarque da delegação no Rio, Tite chegou com a família e também foi aplaudido por um grupo de torcedores. Abatido, agradeceu e seguiu para casa sem novas declarações, muito menos em rede social, já que não se comunica dessa forma com o público. Na sua intimidade, estava inconsolável, reservado e entendendo que todas as críticas cairiam sobre ele ao fim do ciclo sem um título. O mesmo vale para seus colegas de comissão técnica, que funcionaram como escudo e deram apoio ao longo de todo o trabalho. Todos abrindo ou ouvidos e o coração apenas para palavras de carinho nesse momento de dor.
“Você merecia ser coroado com essa copa, todos nós merecíamos por tudo que fizemos e por tudo que abrimos mão pra tentar alcançar o nosso maior sonho”, emendou Neymar em seu longo texto.
O craque voltou ao Brasil em voo particular, e outros atletas também chegaram no país, como Ederson, Raphinha, Everton Ribeiro, Danilo, Weverton e Rodrygo. O restante ficou pela Europa. Lucas Paquetá seguiu com a família no Catar, assim como Thiago Silva, que teve um vídeo postado pela mulher sozinho, em um canto.
“Tem sido assim. Ele fica sozinho, calado, pensando sabe Deus em quem”.
A comissão técnica, o diretor Juninho Paulista e o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues também desceram no Rio. O único a falar foi Éverton Ribeiro.
“São momentos difíceis, a gente tenta se confortar com palavras, mas é difícil, foi um baque total. Ainda estamos digerindo isso, essa ferida vai ficar aberta por um bom tempo”, disse o jogador do Flamengo.
Além de atletas e familiares, Ronaldo Fenômeno, herói do penta em 2002, funcionou como escudo. Presente no Catar e próximo aos atletas, admitiu a decepção pelo desempenho em campo, mas se colocou no lugar dos jogadores.
“Não posso fingir que não vi nada de errado. Discordo profundamente, porém, de quem acha que o erro tá na dança, no brinco, no cabelo ou no pandeiro. As mudanças de comportamento entre gerações são naturais. Como negar o brilho, a competência e a grandiosidade de vocês que são os novos ídolos das nossas crianças? Falhamos sim do ponto de vista técnico. E eu sei que vocês sabem: é legítimo que o torcedor esteja decepcionado nesse momento. Vocês também estão.”
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