Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de fevereiro de 2023
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se tornou alvo inicialmente de um processo de derretimento digital que marcou nos últimos anos a reação do bolsonarismo a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que criticaram sua gestão ou romperam com o governo. A parlamentar, porém, conseguiu evitar perdas significativas como as ocorridas, no passado, nas redes da ex-deputada federal Joice Hasselmann (Sem partido-SP) e do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
Entre a quinta-feira (23) e as 13h de sexta (24), Zambelli perdeu 13,8 mil seguidores no Instagram, rede em que soma 3,2 milhões de apoiadores, de acordo com levantamento do jornal O Globo a partir de dados da plataforma. O movimento ocorreu após a deputada defender em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que o ex-presidente deveria estar no Brasil para liderar a oposição e dizer que Bolsonaro deveria ter feito uma declaração pedindo o fim dos acampamentos nas portas dos quartéis.
Assim que as falas repercutiram na base bolsonarista, a deputada, chamada de “traidora”, atuou para amenizar o tom da crítica e evitar um cancelamento. Um dos seus esforços foi uma live transmitida na noite de quinta-feira ao lado do também deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO). Vídeos de bolsonaristas “desmentindo” atritos entre a deputada e Bolsonaro também foram compartilhados. O vereador Fernando Holiday (Novo-SP) chegou a pedir desculpas após criticar Zambelli. Ele havia escrito no Twitter que era “fácil criticar Bolsonaro agora que o cerco apertou” e alegou, ao recuar, que “foi induzido ao erro”.
Na transmissão ao vivo, em meio a ataques de seguidores que usaram o chat para chamá-la de traidora, Zambelli justificou a entrevista ao jornal, dizendo que seu objetivo era “furar a bolha”, disse ter “saudade” do ex-presidente, e que por isso defendeu seu retorno ao país, e pregou união da direita. Também rechaçou qualquer avaliação negativa e desconfiança do ex-presidente em relação a sua fala.
“Me dá receio e insegurança com o que pode acontecer com essa direita”, disse a deputada, ao citar erros cometidos pelo campo nos últimos anos. “A gente brigou muito, teve muita desunião na direita. Atrapalhava o governo Bolsonaro.”
Antigos aliados
Um símbolo da desunião a que se refere Zambelli foi o processo de fritura de Joice Hasselmann, que não conseguiu se reeleger deputada federal na eleição passada. Eleita na esteira de Bolsonaro no pleito de 2018, Joice foi retirada da liderança do governo no Congresso em outubro de 2019, em meio a disputas internas pelo comando do PSL, antiga sigla de Bolsonaro. Ela reagiu dizendo ganhar sua “alforria” e passou a fazer oposição ao ex-presidente. Na época, a deputada teve em poucos dias uma perda de quase 300 mil seguidores no Instagram. No acumulado até fevereiro deste ano, o saldo negativo chega a mais de 1,1 milhão de seguidores.
Outro caso é o do também ex-deputado Alexandre Frota, expulso do PSL em 2019, acusado de infidelidade partidária por criticar abertamente Bolsonaro e se abster no segundo turno de votação da reforma da Previdência. Ao longo do ano seguinte, Frota perdeu quase 50 mil seguidores na mesma rede social. O ex-deputado se reposicionou politicamente e mais recentemente passou a ganhar seguidores. Depois de passar pelo PSDB, filiou-se ao PROS e se aproximou do PT. Chegou a integrar a equipe de transição do governo Lula na Cultura, mas deixou os trabalhos após sua escolha ser criticada pela esquerda.
Já o ex-ministro da Justiça e hoje senador Sérgio Moro fez um movimento de reaproximação com Bolsonaro após um rompimento. Quando deixou o governo e denunciou uma tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal em abril de 2020, Moro também se tornou alvo de bolsonaristas nas redes e perdeu 111 mil seguidores no Instagram nas semanas seguintes. Ele voltou a ganhar apoio digital nas eleições passadas, quando declarou apoio ao antigo aliado de olho no voto bolsonarista.
Na CPI da Covid, em 2021, foi a vez do deputado federal Luis Miranda (Republicanos) se tornar desafeto do presidente e perder seguidores. Ele e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, denunciaram irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde. Naquele ano, o deputado perdeu 12 mil seguidores. Miranda também não se reelegeu deputado, desta vez por São Paulo. As informações são do jornal O Globo.
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