Sábado, 01 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de março de 2025
Foi um tombo histórico na pesquisa do Datafolha: queda de mais de 10 pontos percentuais em dois meses, desta vez com a diferença que, antes lenta e gradual, agora a derrocada foi abrupta e abissal. E não que tivesse um fato espetacular, um escândalo. Parece ter se dado pelo conjunto da obra, a soma dos erros recentes com os equívocos habituais.
Foi o resultado do uso e abuso de velhos vícios, como o de proclamar e dar valor extra aos próprios êxitos, e de atribuir às oficinas do mal – a imprensa, a extrema-direita, as oposições, as elites – a culpa pelo que não funciona e anda mal.
Talvez a opinião pública tenha entrado em modo de rejeição porque cansou de ver os mesmos coelhos retirados da mesma cartola.
O governo Lula é um time que só tem uma jogada, manjada, previsível, e ao que parece agora ineficaz. Já vai distante o tempo em que Lula, com retórica afiada (e nova), seduzia as massas e convencia que se era ruim com ele, pior sem ele.
Foram longos meses em que se pretendeu persuadir os incautos de que a inflação era causada por um único vilão, Roberto Campos Neto, presidente do BC, o qual uma vez afastado, tudo voltaria ao lugar dos sonhos, onde as famílias consumiriam lautos almoços, regados a cerveja e picanha.
Tudo o que de mal havia era culpa dos outros, os opositores, os suspeitos de sempre, como se os insatisfeitos com o governo não tivessem o direito de se opor, de desmentir as gabolices oficiais, ainda que muitas vezes com mentiras e falsidades (caso pix). Ou como se os atuais governantes não tivessem se valido das mesmas armas e táticas de quando estavam na oposição.
A obsessão do governo era vasculhar cada possibilidade de fazer dinheiro, aumentar a receita, uma vez que as finanças públicas estão – para variar – em petição de miséria, na mesma medida em que o custo de vida tem andado pela hora da morte.
E dinheiro para que? Para distribuir benesses, o remédio de todas as crises, e que tem como agradável efeito colateral melhorar o prestígio do presidente e a avaliação do governo. Por que não, por exemplo, distribuir gás de cozinha gratuito, aliviando um peso no orçamento dos trabalhadores?
É por aí que o PT se fez grande e Lula um ídolo popular: livrando o povo trabalhador de certos encargos, transferindo recursos do Tesouro para as classes subalternas, assinando cheques a granel para o povo pobre.
Tudo bem, não fossem os recursos escassos. Mas agora o dinheiro faltou, os recursos se mostram insuficientes. Dessa questão central os governos do PT nunca se ocuparam com real empenho e interesse. O PT é bom para assinar os cheques, mas detesta esse negócio de equilíbrio fiscal.
E quanto a tornar mais racional e reduzir os custos de uma máquina estatal cara, pesada, ineficaz, de modo a cumprir melhor as suas boas intenções? Gerir o Tesouro (também) pelo lado da coluna de gastos? Não é a praia deles. Os governos de Lula e de Dilma não tinham nada previsto para esta parte. A mágica sempre foi uma só: acumular déficits, empurrar com a barriga as contas, através do aumento da dívida pública, gastando hoje o que talvez dê para pagar amanhã.
(titoguarniere@terra.com.br)
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