Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 29 de julho de 2022
O Brasil é campeão mundial em número de influenciadores digitais, na categoria Instagram. São 10,5 milhões, com pelo menos 1 mil seguidores cada um, em média, segundo pesquisa da Nielsen, que contabilizou postagens feitas entre novembro de 2021 e abril deste ano nas plataformas Instagram, TikTok e YouTube.
Consideradas as três, o Brasil fica em segundo lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos. São 13,5 milhões de “influencers” nos EUA. A China, com outras plataformas, não entrou no estudo.
O investimento das marcas no chamado “marketing de influência” vai crescer 53% entre 2021 e 2022, segundo o estudo. Grandes agências de publicidades e as maiores empresas do país já criaram departamentos específicos para lidar com os influenciadores.
Mas 86% dos anunciantes da base de clientes da Nielsen ainda consideram um desafio encontrar o influenciador certo para seu negócio, conforme a pesquisa.
“É preciso quebrar o estereótipo de que o ‘influencer’ é como uma blogueirinha de moda que só vai a lugares chiques, anda de avião e mora numa mansão”, diz Bia Granja, fundadora e CEO da Youpix. A empresa oferece cursos de formação para influenciadores, acompanha suas carreiras, e atende grandes empresas como Latam, Magazine Luiza e Itaú.
Ser influenciador é uma profissão como qualquer outra, diz Fátima Pissarra, autora do livro “Profissão Influencer” e CEO da agência Mynd8, uma das maiores na área de música. “É como um restaurante”, exemplifica, “o dono tem que acordar cedo, ter rotina de trabalho, ver qual seu ponto forte, estudar seus concorrentes, preparar um cardápio atraente, saber que tipo de comida vai oferecer, dar atenção aos clientes”.
Granja faz outro paralelo: “O criador é como uma revista, se tem bom conteúdo vai ter leitor: pode ser uma revista sobre o tempo, culinária, esportes ou viagem”. Uma revista não precisa ter um número determinado de leitores para ser uma revista, raciocina.
O mercado mundial de influenciadores movimentará neste ano cerca de U$ 16,4 bilhões, segundo o site especializado Influencer Marketing Hub (IMH), um aumento de 19% em relação ao ano anterior. O site computou entrevistas feitas este ano com 2 mil agências, marcas e profissionais. O número de empresas de marketing oferecendo serviços especializados com influenciadores chegou a 18.900 no mundo, segundo a pesquisa.
A executiva do Youpix tem uma explicação simples para o número de influenciadores do Brasil. “Não há tantas barreiras para quem quer ser um ‘influencer’. É uma oportunidade para muita gente que não consegue superar tantas exigências para o mercado formal ou para abrir um negócio”, observa, “às vezes basta um celular”.
Atualmente morando em Los Angeles, uma espécie de Vale do Silício de “influencers”, como define, Granja os chama de “criadores”. “Influenciadores sempre existiram no mundo, mesmo antes da Grécia antiga”, diz. Sua empresa já transformou 1.208 criadores em empresas. Eles “têm seus próprios canais [na internet], mas 73% deles ganham menos de R$ 500 por mês no Brasil.
O número de influenciadores digitais foi um fator para atrair ao Brasil a agência Drim, sediada em Londres, especializada em microinfluenciadores (entre 5 mil e 20 mil seguidores).
O fundador da empresa, Kirill Pyzhov, passou os últimos três meses fechando negócios no país. Conta que fechou com a locadora de carros Movida, o supermercado on-line Justo e está em conversações com a Drogaria São Paulo.
Em seu modelo de negócios as marcas só pagam se o “influencer” consegue atingir as metas propostas. E os “influencers” recebem pelo que conseguem cumprir. A empresa retém 10% a 20% da transação dependendo do contrato.
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