Domingo, 22 de Dezembro de 2024

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Homenagear a mãe é tradição que vem de longe. Na Grécia antiga, na Roma dos Césares, na Idade Média, o povo reverenciava a mulher que dá à luz meninos e meninas. Ela não era convocada para lutar nos campos de batalha por ser a matriz da humanidade – capaz de equilibrar a população depois dos estragos causados pela guerra.

Há um século, os Estados Unidos instituíram o Dia das Mães. O presidente Woodrow Wilson oficializou 9 de maio para a festa. O Brasil importou a ideia 82 anos depois. Getúlio Vargas introduziu a data (segundo domingo de maio) no calendário verde-amarelo em 1932. De lá pra cá, é só festa. Mães, shoppings e restaurantes batem palmas. Viva!

As senhoras do mundo

Há mães e mães. Algumas jovens, outras maduras. Existem as moderninhas e as tradicionais. Muitas disputam palmo a palmo posições no mercado de trabalho. Outras tantas adoram ser donas de casa. Não faltam as que fazem a festa de joalherias e butiques. Tampouco as adeptas da calça jeans e camiseta. Submissas circulam por aí com discrição ou escancaradas em burcas. Feministas pisam duro, falam alto, impõem direitos.

Mas, como diz o outro, mãe é mãe. No mar de diversidade, sobressaem unidades. Três denominadores comuns saltam aos olhos. Um: a corujice. Para ela urubu é branco. O outro: a proteção. Para a criatura que doa vida, o filho é sempre criança. O último: a posse. Ela dá asas ao pássaro, mas não admite que voe para longe.

A ficção criou personagens que simbolizam as marcas universais das senhoras do mundo. Fábulas mostram animais com as qualidades e defeitos humanos. A mitologia conta histórias que resgatam os arquétipos de todos nós. Os tempos passam, mas dona Coruja, Tétis e Demeter continuam presentes. Elas povoaram a imaginação da nossa mãe, da mãe da nossa mãe, da mãe da mãe da nossa mãe. E a nossa.

Pedigree

Dia das Mães é data comemorativa. Nome próprio, escreve-se com as iniciais maiúsculas Dia da Criança, Dia dos Pais, Dia do Trabalho, Dia da Árvore, Dia dos Namorados, Dia de Finados.

Segundona

Sabia? Na origem, madrinha é diminutivo de mãe. Quer dizer mãezinha. Daí o peso da responsabilidade. Ela é substituta da mãezona.

Dupla jornada

Pai criar filhos? Era raro como viúvo na praça. Mas a fila andou. Os papéis se confundiram. Hoje pai desempenha o papel de mãe. Por isso, ganhou um nome casadinho. Um pedaço vem de pai. O outro, de mãe. O resultado: pãe. Mãe também desempenha papel de pai. Vira mai.

A vírgula muda o sentido

O Dia das Mães chegava. A professora pediu uma redação. Todas deveriam terminar com esta frase: “Mãe só tem uma”. A meninada pôs mãos à obra. Alguns contaram episódios da infância. Outros, cuidados em caso de doença. Não faltou quem falasse em ajuda nos deveres de casa ou em sufocos devidos a confusões inesperadas.

Um deles contou história com enredo diferente. Uma visita havia chegado à casa da família. Alvoroço geral. A mãe, solícita, pediu ao filho que pegasse duas Cocas na geladeira. Depois de minutos, o garoto voltou:

— Mãe, só tem uma.

Desafio

Ocorre crase em “o bom filho a casa torna”?

( ) sim

( ) não

Marcou não? Nota 10. Você se lembrou de uma liçãozinha da escola primária. A casa onde moramos dispensa o artigo. Dizemos “estou em casa”, “saí de casa”. Sem artigo, nada de crase. Mas, se a palavra vier determinada (casa de meus pais, casa de Maria), a história muda de enredo. Pede artigo. O acentinho, então, pede passagem: O bom filho torna à casa dos pais. Voltei da casa da mamãe.

Leitor pergunta

Ocorre crase em cara a cara? — Ricardo Silva, Erechim.

Palavras repetidas têm alergia ao acento grave: cara a cara, face a face, frente a frente, uma a uma, gota a gota.

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