Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 23 de maio de 2024
Médicos brasileiros testam um implante de neuroestimulação (caracterizado por dar pequenos eletrochoques em um nervo), que responde a controle remoto operado pelo próprio paciente, no tratamento de disfunção erétil, que é a incapacidade de ter e manter uma ereção durante relação sexual. Por aqui, os testes são feitos por professores da Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), no Hospital Mário Covas, em pessoas com lesão medular – cadeirantes –, mas, na Austrália, o mesmo dispositivo é testado em quem passa por uma remoção da próstata (prostatectomia).
Segundo a Comphya, spin-off da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, criadora e detentora dos direitos do dispositivo, o CaverSTIM, a ideia é atender a uma gama de pacientes que não respondem ao tratamento farmacológico – com uso do remédio sildenafil, popularmente conhecido como Viagra –, mais especificamente aqueles com distúrbios neurogênicos (problemas nervosos). Na população geral, ao menos 30% dos pacientes não respondem bem ao tratamento medicamentoso, considerado padrão-ouro para tratar a disfunção erétil, de acordo com estudo da empresa – eles fazem essa análise a partir desta revisão sistemática.
Atualmente, os testes, embora promissores, ainda estão no que é chamada de “fase 2″ dos estudos clínicos (em pessoas). Nesta etapa, já há sete implantados na Austrália e cinco no Brasil. Isso significa que ainda há um longo caminho até que se torne uma opção viável de tratamento.
Até agora os resultados se mostram promissores, diz Eduardo Miranda, supervisor da Disciplina de Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que não tem qualquer envolvimento com a Comphya ou com o estudo brasileiro. Mas, destaca, é um “estudo muito preliminar”.
Ele reforça que muitas ideias promissoras nessa fase não vingaram. Segundo ele, o que dá uma esperança maior é de que a neuroestimulação já tem algumas aplicações exitosas na urologia, como no tratamento de bexiga neurogênica (falta de controle do órgão devido a um problema nervoso).
A empresa tem planos de, nos próximos meses, expandir o estudo brasileiro para pacientes que passam por prostatectomia, como na Austrália. Eles também estão em negociação para começar testes nos Estados Unidos junto a pesquisadores da renomada Johns Hopkins University. De maneira geral, a empresa espera que os resultados futuros ajudem a extrapolar o uso para outros pacientes neurogênicos, como indivíduos com diabetes, e outros grupos que não respondem à medicação oral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a saúde sexual é fundamental para a saúde geral e o bem-estar dos indivíduos. Alguns estudos, como este, estimam que a prevalência da disfunção erétil, de casos leves até graves, atinge quase 60% em pessoas com mais de 30 anos. Com a tendência de envelhecimento populacional, os especialistas avaliam que teremos um aumento no número de pessoas que enfrentam o quadro e necessitam de tratamento.
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