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Por Redação Rádio Pampa | 22 de novembro de 2021
As taxas de registro e mortalidade de três doenças fortemente ligadas ao consumo de carne vermelha e processada – câncer colorretal, diabetes tipo 2 e doença cardíaca coronária – têm aumentado no mundo. O fenômeno está associado à maior disponibilidade e consumo desse tipo de alimento, revelou um estudo publicado no periódico BMJ Global Health.
Os autores responsáveis pela pesquisa, ligados a universidades de Michigan, Califórnia (ambas nos Estados Unidos) e Laxemburgo (na Áustria) se basearam em números de importação e exportação de carne da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para descobrir onde, no mundo, carnes vermelhas e processadas estavam mais disponíveis. Eles então compararam essas descobertas com os dados de saúde do projeto Global Burden of Disease.
“O aumento da ingestão de produtos de carne vermelha e processados via comércio causou o aumento abrupto de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta”, concluiu o estudo, com dados de 154 países, publicado no British Medical Journal.
Os efeitos adversos de uma dieta rica em carnes vermelhas e processadas são bem conhecidos, relatam os pesquisadores. Mas o comércio internacional desses produtos também tem impactos de longo alcance no clima, por meio das emissões de gases de efeito estufa, e da perda de biodiversidade, por meio da redução do habitat, observou o estudo.
“Poucas iniciativas internacionais e diretrizes nacionais para dietas sustentáveis abordam explicitamente os impactos indiretos do comércio de carne entre os países”, disseram eles. Os autores calcularam um aumento mundial nas mortes relacionadas de quase 75% entre 1993 e 2018, com grandes variações por região geográfica.
Enquanto o aumento de mortes relacionadas nos países desenvolvidos foi estimado em 55%, a taxa de aumento nos países em desenvolvimento foi bem mais alta: 157%. “Essas taxas mais altas se devem ao fato de muitos países em desenvolvimento ao redor do mundo dependerem exponencialmente das importações de carne vermelha e processada para atender às suas demandas crescentes de carne sob a rápida urbanização e crescimento da renda”, diz o estudo.
Ao longo dos anos cobertos pelo estudo, os países em desenvolvimento expandiram as importações, enquanto os ricos expandiram as exportações, indicam os resultados. O estudo sugere que, para alcançar dietas mais saudáveis e sustentáveis, o diálogo internacional deve envolver órgãos de saúde e comércio, citando a Organização Mundial do Comércio (OMC). “Os acordos comerciais regionais da OMC aceleram os fluxos de carne vermelha e processada entre os países”, disse o documento.
Por ser observacional, o estudo pode sugerir, mas não pode confirmar, a relação de causa-efeito entre o comércio de carne e doenças relacionadas à dieta.
No Ar: Pampa Na Madrugada