Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2025

Home Economia Dólar fecha abaixo de R$ 6 pela primeira vez no ano

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O dólar enfrentou um dia de forte queda no mercado doméstico de câmbio nesta quarta-feira (22) e encerrou em baixa de 1,4% a R$ 5,9465. Pela primeira vez em 2025, a moeda americana fechou o pregão abaixo de R$ 6. Neste ano, a divisa só havia perdido esse patamar em 16 de janeiro.

Naquela sessão, no entanto, o dólar conseguiu reverter a tendência de baixa e finalizar em alta, cotado a R$ 6,0533, com a sabatina de Scott Bessent, indicado pelo presidente eleito Donald Trump para comandar o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Nesta quarta, o caminho foi um pouco diferente. Em queda desde a abertura, a moeda americana atingiu mínima a R$ 5,9165 – menor valor registrado em uma sessão desde o dia 12 de dezembro de 2024, quando alcançou o preço mínimo de R$ 5,8681, mas conseguiu fechar a R$ 6,0072.

Considerando apenas o valor de fechamento, a divisa encerrou na menor cotação desde o dia 27 de novembro, quando terminou o dia sendo negociada a R$ 5,9135. Na data, o governo federal apresentou o aguardado pacote fiscal, ao lado da proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. As medidas decepcionaram os investidores e colaboraram para uma forte valorização do dólar nos dias seguintes.

Agora a moeda parece passar por uma “calibração”, nas palavras de Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Eu não diria nem que a moeda enfrenta uma desvalorização, mas sim uma calibração, porque a gente veio de aumentos exponenciais na taxa do dólar. Acho que a divisa recua agora exatamente para dar uma equilibrada também no mercado. Isso é natural de acontecer”, afirma.

A correção, embora esperada, surpreendeu em relação à sua magnitude. “Foi uma surpresa, porque esperávamos que o dólar ficasse próximo a R$ 6, mas hoje ele acabou rompendo. Esse movimento é bem positivo. Acredito que é o momento realmente de avisar os clientes, até para o pessoal se atentar e aproveitar essa queda também, que eu acredito que seja de curto prazo”, destaca Freitas.

Além de passar por uma correção natural, um outro fator contribui para a queda do dólar nesta quarta-feira. Nos Estados Unidos, Donald Trump afirmou na terça-feira (21) que está discutindo a imposição de uma tarifa de 10% sobre os produtos importados da China em 1º de fevereiro. Em coletiva na Casa Branca, o republicano ainda ressaltou que já havia imposto grandes tarifas ao país asiático durante seu primeiro mandato.

“Estamos falando de uma tarifa de 10% sobre a China com base no fato de que eles estão enviando fentanil para o México e o Canadá”, disse o presidente a repórteres. O chamado fentanil é um opioide potente usado como analgésico ou sedativo.

A tarifa planejada, no entanto, é mais branda do que a anteriormente prometida durante a campanha, quando Trump chegou a dizer que a taxação seria de 60%.

“Agora no início de seu mandato, o republicano está mais suave, falando em tarifas muito menores. Essa questão das taxas de importação trazia um medo comercial no mundo, com a expectativa de uma valorização mais forte do dólar e desvalorização das moedas concorrentes. Esse cenário de ‘guerra comercial’, porém, não veio”, explica Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.

Para o especialista, a falta de notícias domésticas também tem sido uma “boa notícia”. Com o recesso parlamentar, que se estende até fevereiro, a agenda tem sido mais tranquila por aqui. “Temos de lembrar o seguinte: para o Brasil não mudou nada, continua tudo na mesma. Nesses dias a gente tem o Congresso em recesso, o Supremo em recesso, então não tem notícias. Tudo fica muito mais leve, mas a gente ainda enfrenta o problema interno das contas públicas”, ressalta Bresciani.

O dólar passou por uma forte valorização que se estende desde o final de 2024. A decepção com as medidas do pacote fiscal aumentou o receio de que o governo não estivesse totalmente comprometido com o controle das contas públicas. A proposta de mudança no IR também gerou preocupação, porque pode representar perda de receita, a depender de como for desenhada.

A moeda americana atingiu o seu recorde histórico nominal em 18 de dezembro, quanto fechou a R$ 6,2657 e atingiu máxima a R$ 6,2707, o maior valor observado na história do real. (Estadão Conteúdo)

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