Sábado, 28 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de julho de 2024
O dólar operou em queda boa parte do dia, mas fechou em alta de 0,3%, valendo R$ 5,60 nessa sexta-feira (19), com investidores de olho cenário fiscal brasileiro e nos eventuais impactos nos mercados financeiros após o apagão cibernético que atingiu diversos lugares do mundo. O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, recuou 0,03%, aos 127.616 pontos.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um bloqueio de R$ 11,2 bilhões no Orçamento de 2024, além de um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões. As medidas vieram como uma tentativa do governo de cumprir a regra de gastos prevista no arcabouço fiscal.
O anúncio justificou o otimismo dos investidores até o início da tarde. Mas o ânimo não se sustentou. Agentes do mercado acreditam que o corte de gastos está abaixo do ideal — o que mantém certa desconfiança sobre a política fiscal brasileira.
A inversão de sinal durante a tarde também foi influenciada pela alta da moeda norte-americana no exterior. Os rendimentos dos Treasuries (títulos públicos dos EUA) passaram a subir ao longo da sessão, fortalecendo o dólar.
Mercados
O apagão cibernético que atrasou voos e prejudicou diversos serviços bancários e de comunicação ao redor do mundo ficava no centro das atenções nessa sexta. O problema estaria relacionado a sistemas que utilizam Windows na empresa CrowdStrike, uma fornecedora de serviços de segurança digital.
Em nota, a Microsoft informou que a falha já teria sido resolvida, mas que problemas residuais ainda podem ocorrer. Não há indícios de que o apagão esteja relacionado a um ataque hacker.
Ainda assim, os futuros dos índices acionários de Nova York já sentiam os efeitos do apagão nos negócios dessa sexta, com investidores se desfazendo de algumas ações de tecnologia no pré-mercado. Os papéis da Microsoft e da CrowdStrike sinalizavam queda.
Nos Estados Unidos, a corrida eleitoral também continua no radar. Investidores seguem incerto sobre o futuro chefe de Estado da maior economia do mundo, em meio a um crescente favoritismo pelo ex-presidente Donald Trump e após o atual presidente dos EUA, Joe Biden, afirmar que “analisa alma” sobre desistir de sua candidatura.
Na véspera, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não deveria cortar os juros “antes do final de 2024”, destacando que o governo norte-americano precisa aumentar os impostos para desacelerar o crescimento da dívida federal.
Na Ásia, o Banco Central do Japão (BoJ) informou que recebeu um número considerável de solicitações para reduzir a compra mensal de títulos nos próximos anos. Já na China, a falta de estímulos econômicos pesou nos preços do minério de ferro, que recuaram.
No mercado local, o cenário fiscal continua a fazer preço nos negócios, com as atenções dos investidores voltadas para as discussões em torno do Orçamento.
Na véspera, depois do fechamento do mercado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciaram R$ 15 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de verbas.
Agentes de mercado queriam ao menos R$ 30 bilhões contingenciados para que a meta de déficit zero seja cumprida.
A diferença entre bloqueio e contingenciamento é a seguinte:
* Bloqueio: se refere a valores no Orçamento que têm que ser bloqueados para o governo manter a meta de gastos do arcabouço fiscal.
* Contingenciamento: é uma contenção feita em razão de a receita do governo estar vindo abaixo do esperado.
Segundo Haddad, as medidas são necessárias para cumprir a regra de gastos do governo prevista no arcabouço fiscal.
O mercado já vinha mal com a perspectiva de que os cortes não fossem suficientes. Na quinta, Tebet, descartou interromper programas sociais e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já iniciadas, principalmente nas áreas de saúde e educação. Tebet admitiu que o governo deve cortar gastos, mas afirmou que isso deve ser feito com os gastos “desnecessários”.
“Não tem nenhuma, nenhuma sinalização, nenhuma, de que o PAC, especialmente na área da educação e da saúde, vai ter corte”, disse Tebet ao programa “Bom Dia, Ministra” do CanalGov.
“Ainda que a gente tenha que fazer cortes temporários, contingenciamento ou bloqueios em obras de infraestrutura a gente faz naquelas que não iniciaram ou que não iniciariam agora para que a gente possa depois de dois meses — porque a cada dois meses a gente faz essa revisão — repor de outra forma”, declarou Tebet.
A ministra destacou que o governo pretende reestruturar alguns programas sociais, com cortes de gastos “naquilo que estiver efetivamente sobrando”, com fiscalização de fraudes e irregularidades.
No Ar: Pampa Na Madrugada