Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de junho de 2024
O dólar encerrou as negociações nessa terça-feira (4) em R$ 5,28, o maior valor em mais de um ano. Essa é a maior cotação desde o dia 23 de março de 2023, quando o câmbio fechou em R$ 5,29. O desempenho da moeda foi especialmente pressionado pela desvalorização das commodities, mas o dólar já acumula uma valorização de mais de 8% no ano, com incertezas internas e externas no radar.
Frente a seus pares, a moeda americana terminou o dia perto da estabilidade, mas em relação a moedas emergentes, o câmbio apresentou forte valorização, principalmente nos países que dependem da exportação de commodities, como o Brasil.
Os preços do petróleo acumulam queda de quase 5% nesta semana, após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) de afrouxar suas restrições à produção da commodity no domingo, estendendo os cortes graduais até 2025.
Já o minério de ferro caiu para o menor valor em quase dois meses, em meio a preocupações do mercado com a crise imobiliária na China, que tem afetado a demanda por aço.
Com a perspectiva de uma menor demanda por essas commodities, a percepção no mercado é a de que isso pode afetar as exportações brasileiras, resultando em uma menor entrada de dólares no País.
Tendência de alta
Além do clima negativo no mercado nessa terça, o dólar já acumula uma valorização de mais de 8% frente ao real neste ano. Isso se deve aos juros altos por mais tempo nos Estados Unidos e à incerteza do mercado em relação à credibilidade do arcabouço fiscal.
“O real vem apresentando um desempenho mais fraco desde o mês passado, por conta dos ruídos em torno do Banco Central e do controle fiscal. Esse fluxo de notícias está trazendo o dólar para esse patamar, apesar de alguns fundamentos, como balança comercial e medidas de risco-país ainda serem favoráveis para o real”, explica Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, que vê um dólar a R$ 5,10 ao fim do ano.
Fim do ano
Para o Itaú Unibanco, o dólar ainda deve subir mais 1,5% até o fim do ano, por conta da divergência do ritmo da política monetária nos Estados Unidos e na União Europeia frente a países emergentes.
Com juros mais altos em países tidos como destinos mais “seguros” para investimentos, lugares como o Brasil tendem a se tornar menos atraentes para a entrada de capital estrangeiro.
Os analistas também destacaram, em relatório, que essa apreciação pode ser ainda mais forte caso as tensões geopolíticas se intensifiquem.
Recentemente, o banco revisou sua projeção do dólar ao final do ano de R$ 5,00 para R$ 5,15.
Queda das commodities
A Opep+ anunciou que irá prolongar a maior parte dos seus cortes na produção de petróleo até 2025, mas deixou espaço para que os cortes voluntários de oito membros fossem gradualmente anulados, a partir de outubro, antes do esperado pelo mercado.
Além disso, a oferta por parte de produtores não pertencentes à Opep+, como os Estados Unidos, também tem crescido, o que contribui para a desvalorização da commodity.
Nas últimas semanas, os investidores também têm reavaliado os riscos geopolíticos no Oriente Médio, devolvendo parte da alta após o início do conflito entre o Israel e o Hamas no ano passado.
O minério de ferro também vem apresentando sucessivas quedas nas Bolsa chinesas, acumulando uma perda de mais de 24% em 2024 até o momento.
A crise imobiliária da China já está em seu terceiro ano, e esforços das autoridades em estimular o mercado interno para aliviar o setor não têm sido suficiente para melhorar os ânimos do mercado, à medida que dados da economia do país asiático vem frustrando analistas.
As vendas de imóveis novos das 100 maiores empresas imobiliárias chinesas caíram 34% em relação ao ano anterior, para 322,4 bilhões de yuans (US$ 44,5 bilhões) em maio. Embora tenha sido menor do que o declínio de 45% registado em abril, a queda mostra a magnitude da crise que o governo do país ainda enfrenta.
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