Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 13 de março de 2024
Circula nas redes sociais o vídeo de uma palestra em que um médico afirma que as substâncias suramin e ivermectina eliminam a proteína S (spike) do corpo e podem ser usadas também para eliminar a vacina contra a covid. Ele diz ainda que a proteína é capaz de impedir a reparação do DNA.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Bayer — que produz o remédio antiparasitário suramin — e especialistas descartam o uso dos dois remédios em qualquer cenário associado à covid.
A Anvisa diz não haver “qualquer sentido lógico” ou evidência científica sobre necessidade de “limpeza” do corpo após a vacinação. Segundo a agência, a proteína S produzida em decorrência da imunização é deteriorada e eliminada. Vale reforçar que nem a covid, nem a vacina são capazes de alterar o DNA humano.
No vídeo em questão, o médico José Nasser afirma que o remédio suramin, fabricado pelo laboratório alemão Bayer, é capaz de restaurar uma mitocôndria (uma parte das células) destruída pela proteína S. Na realidade, essa proteína é uma estrutura existente no SARS-CoV-2, vírus que causa a covid, e é responsável por ligar o vírus à célula humana. Os imunizantes induzem a fabricação dessa proteína no corpo para o desenvolvimento de anticorpos (defesas) contra a doença. Como dito anteriormente, a proteína produzida a partir da vacina não permanece no corpo, sendo desintegrada e eliminada em pouco tempo.
O médico na palestra diz ainda que a ivermectina pode ser utilizada como uma espécie de antídoto à vacina. Segundo ele, o remédio antiparasitário quebra em três partes “toda proteína que você tiver jogado no teu sangue”. Isso também é falso. Sobre as imagens há a legenda “saiba como eliminar a vacina do seu organismo”.
Nasser afirmou não ter sido o responsável por ter republicado o vídeo e defendeu novamente o uso de suramina e ivermectina, além de chamar a vacina de “terapia genética”, outra afirmação falsa.
A gravação foi realizada em 14 de novembro de 2021, durante o 2º Congresso Conservador Liberdade e Democracia, em Santa Catarina, evento organizado pelo movimento “Vem Pra Direita Floripa”. A transmissão ao vivo da palestra ainda está disponível para consulta na página no Facebook do organizador.
Como explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, nem a covid nem a vacina são capazes de destruir mitocôndrias ou alterar o DNA de uma pessoa. Ele acrescenta que não há nenhuma substância capaz de reconstruir uma mitocôndria ou outras organelas (estruturas) celulares. “Não existe isso. Quanto mais em alimentos ou substâncias como suramina e ivermectina, que sequer têm ação antiviral ou capacidade de reverter resultados de vacina ou de lesão celular”, afirmou.
Tanto especialistas quanto a Pfizer, que produz vacinas com tecnologia de RNA mensageiro, já explicaram não haver alteração no DNA a partir da imunização.
O RNA é uma molécula que atua na síntese de proteínas. Os imunizantes com a tecnologia de RNA mensageiro usam essas moléculas para levar às células humanas informações para que elas produzam a proteína S, que em seguida vai estimular a produção de anticorpos. Após completar a sua missão, a molécula de RNA existente na vacina se degrada e é expulsa do corpo.
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