Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 10 de outubro de 2022
De dias ruins a grandes traumas da vida, há sempre algo que desejamos esquecer, afinal, quem nunca se cansou de lembrar das top 5 vergonhas passadas na adolescência antes de dormir? Sim, vamos fazer a referência obrigatória a “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”. O aparelho de amnésia do filme protagonizado por Jim Carrey não existe, mas o que diz a ciência sobre isso? Surpreendentemente, a resposta é talvez – mas será que vale a pena?
A grande questão não está, na verdade, em esquecer memórias, mas sim em evitar pensamentos ruins. As coisas que pensamos, segundo cientistas, estão muito menos sob o nosso controle e muito menos focadas do que imaginamos. Em um estudo de 1996, o psicólogo Joshua Magee fez um grupo de pessoas anotar seus pensamentos por um dia inteiro. Isso deu uma média de 4.000 pensamentos individuais por pessoa – não passando da duração de 5 segundos cada.
Estudando pensamentos
Nossos pensamentos vêm e vão: no estudo, cerca de 1/3 deles surgiam, aparentemente, “do nada”. Magee, aliás, nota que é normal experienciar pensamentos que pareçam perturbadores. Outro estudo, este de 1987, observou pessoas que consideraram que 22% do que pensavam parecia estranho, inaceitável ou até mesmo errado, como imaginar-se cortando os próprios dedos fora enquanto cozinha ou derrubar um bebê enquanto o carrega.
Na maioria dos casos, faz sentido suprimir esses pensamentos, já que podem atrapalhar nossa vida: pensar nas próprias falhas durante uma entrevista de emprego, afinal de contas, não ajuda em nada. Para completar, há evidências de que é possível, sim, suprimir pensamentos.
Em um estudo de 2022, 80 voluntários pagos tinham de assistir a uma série de slides com substantivos escritos, que se repetiam 5 vezes em slides diferentes. A cada vez, eles tinham de falar uma palavra que associavam a cada um, como, por exemplo, “estrada” em resposta a um slide com a palavra “carro”. Um dos grupos foi informado de que não seria pago caso repetisse palavras, enquanto o outro estava livre para se repetir. A ideia seria emular o que acontece quando alguém ouve uma música de amor e tenta não pensar no ex.
Segundo os resultados, quando os participantes viam o substantivo pela segunda vez, o grupo que não podia se repetir levava mais tempo para responder, o que indica que a primeira resposta vinha à mente antes de ser substituída por outra. O tempo era maior em palavras fortemente associadas com o substantivo que apareceu na primeira vez: os voluntários, no entanto, ficaram mais rápidos em associar novas palavras a cada repetição, mostrando que evitar o pensamento indesejado foi ficando mais fácil.
Será saudável esquecer?
Não há evidências, segundo os cientistas, de que seja possível evitar completamente pensamentos que não queremos. Com prática, no entanto, os resultados sugerem que seja possível nos tornarmos melhores em escapar de pensamentos indesejados específicos. Há controvérsias, no entanto, já que outros pesquisadores apontaram que uma apresentação de slides não é, exatamente, um ambiente onde as pessoas têm de evitar pensamentos com grande carga emocional.
Além disso, outras pesquisas alertam que tentar suprimir algo que pensamos pode sair pela culatra: evitar um pensamento específico manda uma mensagem para o cérebro, rotulando o pensamento como algo a ser temido. Tentar controlá-los, nessa lógica, acabará dando mais poderes a eles.
No Ar: Pampa Na Tarde