Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de julho de 2024
Michael Porter, professor de administração de empresas da Harvard Business School, propôs em seu livro “A Vantagem Competitiva das Nações”, publicado em 1990, algumas explicações por que determinadas nações são mais competitivas internacionalmente que outras. Ele argumenta que a competitividade de um país não é simplesmente determinada pelos seus recursos naturais ou mão de obra barata, mas por um conjunto de condições que ele agrupou em seu modelo diamante, seguramente uma explicação inovadora para compreender um assunto complexo e de alto impacto para a economia. A questão aqui não é simplesmente conhecer o modelo diamante proposto pelo renomado professor de Harvard, mas observar, com compreensível preocupação, como o Brasil está ainda distante de equilibrar as condicionantes propostas pelo modelo. Isso, naturalmente, afeta o nosso nível de competitividade e requer mudanças profundas no entendimento de como bem inserir a economia brasileira no atual contexto de instabilidade e crescente avanço tecnológico observados hoje, condições estas que têm marcado o panorama econômico do mundo moderno.
As condições nas quais devemos prestar atenção e agir consistentemente para desenvolvê-las estão divididas entre recursos naturais, recursos humanos, infraestrutura, além de fatores avançados, particularmente na área de capacitação humana e demais condições de demanda. Se fizermos um exercício de memória, veremos que nossos pontos fracos não são de agora, mas quase que unanimemente citados quando o assunto é analisar nosso grau de competitividade. Falta de educação de qualidade, infraestrutura deficiente, baixo nível de inserção comercial com outros países, excesso de protecionismo, ambiente regulatório hostil ao empreendedorismo e vários outros fatores. Somos muito bons em apontar os problemas, mas sofremos de uma crônica deficiência em encaminhar as soluções. Mas no que o “modelo diamante” poderia vir a lapidar esse diagnóstico sobre aquilo que não podemos mais adiar?
Antes disso, é preciso lembrar que temos virtudes e vantagens importantes, o que torna a missão de transformar o Brasil numa nação de economia avançada não um devaneio, mas uma possibilidade concreta. Somos privilegiados por recursos naturais, aí incluídos todos os fatores que transformaram o agronegócio na potência que é, uma matriz de energia renovável sem paralelo, além de um mercado doméstico robusto, embora com renda média per capita muito baixa. Temos ainda uma importante “janela demográfica” a explorar, bem como uma vocação empreendedora muito forte em todas as regiões do País.
Entretanto, para equilibrar as condicionantes do modelo de Porter, esbarramos justamente nos fatores avançados, aqueles nos quais maciços investimentos em educação e inovação são os principais motores. Mesmo não sendo surpresa concluir que estamos mal em mão de obra especializada e tecnologia de ponta, é justamente nesses aspectos que residem o nosso real problema, agravado agora pelas condições de competição que alçaram a educação de alta qualidade e seu filho preferido, a inovação, a fatores indispensáveis para qualquer pretendente a algum tipo de protagonismo global. Com a premissa da educação de alta qualidade como fundamento essencial para um projeto de desenvolvimento efetivo, há também outros fatores sensíveis, no caso brasileiro.
Além dos quatro determinantes principais, Porter identificou também a ação do Governo na formação de um saudável ambiente competitivo, com adequadas políticas industriais e pesados investimentos em infraestrutura, elementos de alto impacto para o nível de competitividade do País. Fica evidente o longo caminho que temos pela frente, a começar pelo abandono de visões extremadas, abrindo caminho para a construção de soluções que contemplem uma saudável e inteligente convivência entre virtudes públicas e privadas, permitindo ao Brasil o equilíbrio necessário para as difíceis escolhas que terá que fazer.
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