Domingo, 24 de Novembro de 2024

Home Eleições 22 Em entrevista, Bolsonaro promete mais privatizações e volta a criticar os desafetos Lula e Alexandre de Moraes

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Apesar de ter sido bem menor que as projeções dos mais tradicionais institutos de pesquisa, a distância da votação de Jair Bolsonaro para o primeiro colocado, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, ainda é grande. Daqui até o dia 30, o atual presidente precisa conquistar mais 6 milhões de votos, de forma a virar o jogo, façanha inédita no histórico brasileiro de eleições presidenciais.

Em paralelo aos movimentos políticos, a campanha de Bolsonaro deu novas amostras de que pretende fazer valer o peso da máquina pública. Exemplo disso foi o anúncio recente da distribuição do 13º salário do Auxílio Brasil a mulheres do programa, justamente a fatia do eleitorado mais resistente a votar nele.

Em uma entrevista exclusiva concedida à revista Veja, Bolsonaro fez um mea-culpa de suas polêmicas com as mulheres. “Eu errei”, disse, referindo-se a um bate-­boca no Congresso em 2014, no qual disse que só não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT) por ela ser feia.

Bolsonaro lembrou ainda de outro episódio que gerou revolta nas redes sociais, quando declarou que, depois de quatro filhos homens, a caçula nasceu de uma “fraquejada”. “São brincadeiras que a gente extrapola e se arrepende”, afirmou.

Além do esforço para vencer resistências junto ao eleitorado feminino, Bolsonaro pretende usar no segundo turno em escala maior alguns trunfos que já vem exibindo na campanha, como a melhora dos indicadores econômicos, as promessas de continuidade de políticas liberais (“vamos potencializar as privatizações”) e, sobretudo, a ênfase na comparação de seu governo com o do rival Lula. “Vamos simplesmente mostrar que fizemos muito melhor do que ele”, declarou. Em seguida, assegurou que vai manter o nível do debate: “Não vou sair do sério”.

Ao mesmo tempo, no entanto, apesar do esforço para não perder a linha, sempre que provocado, ataca não apenas Lula (“ele tem uma capacidade enorme de mentir sem ficar vermelho”) e outros velhos inimigos, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, sem deixar de lado as antigas teorias conspiratórias, que vão da ameaça da volta do comunismo às supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas.

Veja alguns trechos:

1) Jamais um candidato em desvantagem no primeiro turno conseguiu vencer as eleições. O senhor acha possível virar o jogo na reta final?

Vamos mostrar o que fizemos. Estamos recuperando os empregos, reduzimos o preço da gasolina e atendemos os mais humildes com o Auxílio Brasil. O país vai para o terceiro mês seguido de deflação. O Brasil está sendo um exemplo para o mundo. O Paulo Guedes merece um Prêmio Nobel na economia.

“No passado, fui estatizante, votei contra reformas. Mas a gente evolui, se aperfeiçoa. Hoje penso diferente. Sou um liberal e o livre-mercado nos ajudou a superar a questão da pandemia”.

2) Mesmo tendo uma votação acima das projeções dos institutos de pesquisa mais tradicionais, o senhor ficou atrás de Lula. A que atribui a permanência da força dele junto ao eleitorado?

O Lula tem uma capacidade de mentir sem ficar vermelho. Basta comparar nossos governos para ver quem é melhor. Nós não pegamos o BNDES e usamos para emprestar dinheiro para ditaduras que, em grande parte, não vão nos pagar. E nós temos um pensamento de um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. É o lema que o povo entende perfeitamente. Resgatamos o patriotismo pelo Brasil.

3) Nos debates, o senhor já teve discussões duras com Lula. O clima vai esquentar ainda mais?

Não vou sair do sério. Estou me contendo, mas, às vezes, falo palavrão. Mas não sou ladrão. Tenho o que apresentar e vamos comparar os governos. O Bolsa Família pagava lá atrás uma média de 192 reais. Com o Auxílio Brasil, passamos agora para 600 reais e vamos tornar isso efetivo para o ano que vem.

4) Quais serão suas prioridades num possível futuro governo?

Vamos potencializar as privatizações. No passado, confesso, eu era estatizante. Votei contra quase todas as reformas propostas pelos governos anteriores. Mas a gente evolui, se aperfeiçoa. Hoje sou um liberal. Quanto mais estado, pior para todo mundo. O livre-mercado nos ajudou na pandemia.

5) O senhor não se arrepende de nenhum episódio de polêmicas públicas com as mulheres?

Eu errei, como naquela discussão com a Maria do Rosário, em 2014 (na ocasião, Bolsonaro afirmou na Câmara que a deputada do PT não merecia ser estuprada por que era “muito feia”). Estávamos discutindo na hora o caso de um estuprador e eu me exaltei. Aconteceu. Falhei também quando afirmei que, depois de quatro filhos homens, veio uma menina, classificando aquilo como uma fraquejada. Foi uma brincadeira, extrapolei.

6) Faz parte mesmo de seus planos aumentar o número de vagas no STF num futuro governo?

Já chegou essa proposta para mim e eu falei que só discuto depois das eleições. Eu acho que o Supremo exerce um ativismo judicial que é ruim para o Brasil todo. O próprio Alexandre de Moraes instaura, ignora Ministério Público, ouve, investiga e condena. Nós temos aqui uma pessoa dentro do Supremo que tem todos os sintomas de um ditador. Eu fico imaginando o Alexandre de Moraes na minha cadeira. Como é que estaria o Brasil hoje em dia?.

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