Domingo, 24 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de agosto de 2024
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) pediu licença do cargo em junho deste ano, por cerca de quatro meses, para fazer um tratamento de saúde. Por envolver questão médica, ele tem direito a manter a remuneração no período – com um salário mensal bruto de R$ 44 mil. Nas redes sociais, no entanto, Fagundes expõe uma agenda cheia, com viagens dentro e fora do Estado, inclusive a Brasília, caminhadas, danças e até cavalgadas.
A assessoria de imprensa do senador afirma que ele está afastado dos trabalhos legislativos, mas “não há nenhuma vedação para que ele desenvolva
atividades políticas e partidárias, desde que não haja contraindicação médica”.
Fagundes voltou a defender que pode manter as suas atividades apesar da licença médica. Ele reforçou que veio a Brasília, inclusive, nesta semana. Logo após tirar a licença ele também seguiu na capital federal e continuou circulando pelo Senado durante alguns dias.
Nos últimos meses, diversos parlamentares afastaram-se do mandato em função do período pré-eleitoral para focar em seus Estados. A maioria, entretanto, opta por tirar a maior parte do tempo como “licença particular”,
que não tem remuneração.
No laudo médico de Fagundes, assinado por três profissionais, consta o pedido de licença de forma genérica para “tratamento de saúde” por exatos 121 dias. Esse é o período mínimo exigido pelo Senado para a convocação do suplente. Caso ele se ausentasse por 120 dias, por exemplo, não teria esse direito.
“Requeiro, nos termos do art. 43, I, do Regimento Interno do Senado Federal, em face do que dispõem os arts. 55, III, e 56, II, da Constituição Federal, licença saúde, de 11/06/2024 a 09/10/2024, conforme laudo de inspeção de saúde em anexo”, diz a solicitação.
Ao sair do Senado temporariamente, Fagundes deu espaço à suplente Rosana
Martinelli (PL-MT), que é ex-prefeita de Sinop e investigada por envolvimento com os atos de 8 de janeiro. Ao assumir o mandato, há dois meses, Martinelli reclamou por estar com o passaporte retido por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim como Fagundes, ela também recebe salário mensal de R$ 44 mil.
Na quarta-feira (7), em Brasília, Fagundes participou do evento de abertura da Bienal das Rodovias 2024. Como presidente da Frente de Logística e Infraestrutura, ele chegou a dar uma palestra na qual falou sobre projetos de sua autoria voltados para a sustentabilidade.
No dia anterior, ele esteve da cerimônia de lançamento da candidatura do deputado Abilio Brunini (PL) à prefeitura de Cuiabá (MT). “Que felicidade poder estar aqui, começo a arrepiar, viu. Político é assim, tem que fazer a coisa com amor. Eu tenho certeza, Abilio, que a sua campanha vai ser assim, com o povo, para o povo e junto com o povo”, declarou na ocasião.
No fim de semana, Fagundes, que tem o escritório parlamentar em Cuiabá,
participou de uma tradicional cavalgada em Rondonópolis, no mesmo Estado. As cidades ficam a cerca 220 quilômetros de distância. Na ocasião, o senador licenciado montou em um cavalo e discursou aos presentes.
Em outra oportunidade em que visitou Rondonópolis, o seu município de origem, o parlamentar aparece em uma feira comendo o tradicional pastel de carne com gariroba.
“Passei a manhã de domingo na feira da Vila Operária, desfrutando de um delicioso pastel e uma tubaína, além de reencontrar amigos e companheiros de longa data. A feira tem um significado especial para mim, repleta de memórias importantes da infância!”, diz a postagem do parlamentar no Instagram.
No fim de julho, Fagundes visitou o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e
caminhou pelo local. “Foi uma honra acompanhar de perto o progresso desta
importante iniciativa que beneficiará tantos jovens em nossa região”, escreveu o parlamentar nas redes sociais. Ele acrescentou que, na mesma data, participou da entrega oficial de veículos destinados a outros campi.
Em outra postagem do fim do mês de julho, Fagundes divulga que esteve presente em dois eventos na Chapada dos Guimarães. Primeiro, Fagundes participou da festa do Santuário de Santana, onde aparece dançando, e em seguida prestigiou a abertura do Festival de Inverno da região, que fica a cerca de 60 quilômetros da capital mato-grossense.
O Senado afirmou, em nota, que “os afastamentos dos parlamentares por motivo de saúde são remunerados, conforme previsão na Constituição Federal”. O órgão recomendou que outras informações deveriam ser solicitadas diretamente à assessoria de imprensa do senador.
“Conforme o Regimento Interno do Senado Federal (Artigo 43) o Senador tem direito a licença para tratamento de saúde, com a convocação de suplente nos casos de afastamento superior a 120 dias. Durante o período de afastamento do exercício do mandato ele não pode ser incumbido de representação da Casa, de comissão, ou de grupo parlamentar (Artigo 42 do Regimento Interno)”, diz a nota do parlamentar.
“O Senador Wellington Fagundes encontra-se afastado dos trabalhos legislativos mas não há nenhuma vedação para que ele desenvolva atividades políticas e partidárias, desde que não haja contraindicação médica”, acrescenta o texto.
No Ar: Pampa Na Madrugada