Sábado, 23 de Novembro de 2024

Home Variedades Empresa brasileira exporta versões restauradas da caminhonete Kombi para 15 países. Só neste ano serão 100 unidades vendidas

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Proprietário de uma empresa de importação e exportação dos mais variados produtos desde o começo da década de 2000, o carioca Alexandre Fares resolveu apostar em um novo segmento em 2016: a restauração de caminhonetes do modelo Kombi, produzidas dentro e fora do Brasil durante quase 60 anos. A decisão foi motivada por um fato inusitado.

Vendendo e comprando alimentos, roupas e peças para carros, ele recebeu na ocasião uma encomenda específica: adquirir e regularizar em São Paulo um exemplar – todo detonado – do clássico utilitário da Volkswagen. Por trás do pedido estava Björn Augustin, cidadão da Alemanha e um dos incontáveis fãs do veículo em todo o mundo.

“Era quase uma sucata, com mais de 30 anos”, relembra Fares, que assim mesmo providenciou a documentação e embarcou a Kombi em um navio no porto de Santos (SP). Pouco tempo depois, o cliente voltou a contratar os serviços do empresário carioca, desta vez para dez Kombis anunciadas em sites brasileiros, a maioria em péssimo estado.

O alemão reformava os veículos para revendê-los. Afinal, a perua multiuso também tem muitos admiradores na Alemanha, país onde circulou pela primeira vez, em 1950. Produzido por lá até o fim da década de 1970, deixou tantas saudades que praticamente não há mais modelos disponíveis à venda.

Já no Brasil, a fabricação se manteve por 56 anos, até sair de linha em 2013 – foi o automóvel mais longevo do mundo. O fim de sua história no País foi decretado por questões técnicas: mesmo sendo o modelo mais vendido do País no segmento, não havia condições para receber itens de segurança como airbag e freio ABS, obrigatório em todos os veículos novos a partir do ano seguinte.

Ao todo, foram vendidas no Brasil 1,55 milhão de unidades. “Há pessoas alucinadas por Kombi”, conta Ares. “Algumas são colecionadoras, outras gostam do modelo e o utilizam para levar a família em passeios de fim de semana, inclusive como motorhome.”

História também brasileira

A partir de indicações de Björn, o empresário brasileiro passou a receber mais encomendas da icônica caminhonete. Em 2017, o alemão sugeriu que Fares assumisse também o trabalho de restauração, em vez de exportar os veículos nas condições em que eram compradas.

O empresário acabou aderindo à ideia e suspendeu suas demais atividades para se dedicar exclusivamente ao negócio de compra e reforma de peruas, junto com o sócio Paulo Victor Mesquita, dono de uma empresa de prestação de serviços de despachante no Porto de Santos – e que também largou tudo para se dedicar somente às Kombis.

A dupla então fundou a empresa Brazil Kombi, com sede e oficina em Duque de Caxias (RJ). Até agora, já exportaram mais de 350 unidades para 15 países. “O negócio tem crescido ano a ano e deve registrar um recorde de 100 unidades em 2021.

Os compradores são de países como França, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Líbano e Porto Rico, além da Alemanha, o maior comprador. Dentre eles há empresas de turismo e de locação de carros para casamentos e eventos – confira no site brazilkombi.com.

Restauração pode durar um ano

A reforma de uma Kombi leva em média três meses, mas há casos em que chega a um ano, em especial quando o pedido é de versão personalizada.

A mais cara vendida até agora foi um modelo produzido em 1958 e que hoje é bastante rara. Com a necessidade de várias reformas, o comprador – australiano – desembolsou o equivalente a quase R$ 240 mil.

Um dado curioso é que Feres, 46 anos, nunca teve uma Kombi. “Eu às vezes até tento ficar com algum modelo após a reforma, mas sempre aparece uma boa oferta e eu acabo vendendo”, relata.

Outra informação que surpreende muitos compradores é que a Kombi precisa ter ao menos 25 anos de fabricação para que possa ser exportada como raridade para os Estados Unidos. Na Europa e outros países, esse limite é de 30 anos.

Atualmente, ele e Mesquita não precisam mais garimpar Kombis Brasil afora. Eles se tornaram conhecidos no mercado e agora muitas pessoas oferecem os veículos, mandam fotos e alguns compram os veículos para revender para a empresa. O problema maior, ressalvam, é conseguir mão-de-obra especializada para esse tipo de trabalho.

A empresa passou a incluir em seu cardápio de serviços a restauração de outros modelos da Volkswagen, tais como Fusca, Brasília, Variant, SP2, Saveiro, além da britânica Land Rover. No momento, já há planos para abertura de filial na Alemanha ou Estados Unidos.

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