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Por Redação Rádio Pampa | 28 de janeiro de 2022
Mesmo quando o resultado do exame de sangue é “normal”, você pode não estar totalmente livre do diabetes. Isso porque, segundo pesquisas recentes, o nível de açúcar no sangue, ainda que não exceda o limite considerado “normal”, pode elevar o risco da doença caso esteja alto. Assim, alguns médicos estão levando a pré-diabetes mais a sério. Ainda mais quando os pacientes apresentam outros fatores de risco, como obesidade ou histórico familiar.
O que é pré-diabetes?
A pré-diabetes é uma condição médica caracterizada pela glicemia acima da normalidade, servindo de alerta para a possível progressão da doença. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais prescritos pelo médico, que se encarrega de criar um plano para o controle dos níveis de glicose com base nos valores de referência.
Valores de referência
É provável que o limite entre a glicemia normal e a glicemia alta associada ao diabetes pode dar a milhões de pessoas uma falsa sensação de segurança, alerta Nicolas Cherbuin, da Universidade Nacional da Austrália. Sua pesquisa publicada em 2013 constatou que pessoas de meia-idade com leitura glicêmica em jejum na faixa mais alta da normalidade saíram-se não apenas pior em testes de memória, como também tiveram maior retração numa região do cérebro importante para a memória, em comparação às que tinham glicemia mais baixa. A glicose alta pode lesionar os vasos sanguíneos e obstruir o fluxo de nutrientes para o cérebro.
“A glicemia de jejum ideal é abaixo de 85”, explica Cherbuin. “Cada ponto acima disso está associado a mais problemas, portanto, a melhor abordagem é agir logo.”
Quais os fatores de risco da pré-diabetes?
A pré-diabetes pode atingir qualquer pessoa, porém algumas têm predisposição natural. Afro-americanos, hispânicos e asiáticos representam os grupos étnicos de alto risco para pré-diabetes. Da mesma forma, o histórico médico familiar é essencial para investigar as chances de desenvolver diabetes aqueles que possuem parente próximos diabéticos têm maiores chances. Ademais, outros fatores também pode contribuir como, por exemplo, o sobrepeso, a hipertensão, o colesterol alto e a idade avançada.
Quais os sintomas?
A pré-diabetes é uma condição médica silenciosa que comumente não apresenta sintomas. Entretanto, algumas pessoas podem apresentar ganho de peso, vontade frequente de urinar, fome e sede excessivas, principalmente em caso mais avançados.
Devido à ausência de sintomas na maioria dos casos, os check-ups anuais são ainda mais necessários para a realização de exames laboratoriais com o intuito de investigar a saúde do paciente.
Qual a probabilidade de um pré-diabético desenvolver diabetes e outras doenças?
Pré-diabéticos possuem maiores chances de se tornarem diabéticos quando comparados com indivíduos com glicemia dentro da normalidade. Porém, isso não é uma sentença. O índice glicêmico pode ser controlado com a adoção de exercícios físicos e alimentação adequada.
Ainda assim, pesquisas indicam que a glicemia no limite da faixa da normalidade aumenta o risco de cardiopatia por promover inflamações e tornar mais rígidos os vasos sanguíneos. Um estudo israelense de 2012 constatou que indivíduos com glicemia em jejum entre 90 mg/dl e 99 mg/dl tinham probabilidade de apresentar doença cardíaca 40% maior do que aqueles com menos de 80 mg/dl.
O câncer é outra preocupação
Depois de acompanhar mulheres italianas durante 13 anos, os pesquisadores constataram que aquelas cuja glicemia em jejum ficava no limite da normalidade tinham 52% mais probabilidade de desenvolver câncer de mama do que as que apresentavam taxa abaixo de 80. Talvez uma das razões seja que a insulina liberada pelo organismo para controlar a glicemia também acelera o crescimento celular.
Antes de mais nada, todos devem conhecer sua glicemia. E mudar o estilo de vida quando essa taxa entra na faixa dos 90, diz o Dr. Joel K. Kahn, cardiologista especializado em prevenção, que trata muitos diabéticos ou pré-diabéticos.
Pré-diabetes tem cura?
A Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Americana de Diabetes recomendam exames de glicose de três em três anos a partir dos 45 anos. Mas pode ser necessário fazê-los com mais frequência.
Portanto, os especialistas insistem numa maior vigilância. Pesquisas importantes mostram que o aumento da atividade física e uma alimentação melhor podem reverter o caminho rumo ao diabetes. O Programa de Prevenção do Diabetes, estudo americano inovador feito em 27 centros, verificou que pessoas com pré-diabetes podem reduzir em 58% o risco de desenvolver a doença. Assim, a glicemia pode até se normalizar caso se exercitem ao menos duas horas e meia por semana e emagreçam de forma apenas modesta quando necessário (cerca de apenas 20% dos pré-diabéticos são magros).
Estilo de vida
A pesquisa verificou ainda que a mudança, sobretudo do estilo de vida, teve efeito ainda maior do que os medicamentos. E os benefícios podem durar. De acordo com uma pesquisa na China, depois de 23 anos, quem participou de um programa de alimentação e/ou exercício a longo prazo teve menos probabilidade de desenvolver diabetes ou de morrer por outras causas.
Se sua glicemia estiver subindo, essa mudança na alimentação vai ajudar muito. Portanto, a prática de exercícios recomendada pela ciência pode ajudá-lo a voltar a níveis mais saudáveis.
No Ar: Pampa Na Tarde