Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025

Home Tecnologia Entenda por que as mudanças anunciadas pela Meta ampliam os riscos de desinformação

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Conforme especialistas, a decisão da Meta, anunciada na última semana, de trocar a checagem independente de conteúdo pelo sistema conhecido como Notas de Comunidade vai aumentar a disseminação de notícias falsas. E o avanço da inteligência artificial (IA), com ferramentas ao alcance de todos, vai facilitar a manipulação de notícias.

Mais de 60 entidades, por meio do grupo Coalizão Direitos na Rede, assinaram uma carta aberta repudiando as mudanças e alertando para o risco ao processo democrático.

“É impossível acreditar que os próprios usuários das redes sociais possam assumir esse papel de curadoria. Sem uma gestão ativa das plataformas, o ambiente se tornará um campo de opiniões perigosas e ataques. A falta de mediação pode complicar ainda mais a distinção entre o que é verdadeiro ou não”, alerta John Phillips, analista do Nevada Policy Research Institute, na feira CES, em Las Vegas.

As Notas de Comunidade, já usadas pelo X, de Elon Musk, são uma ferramenta de moderação coletiva de conteúdo. Elas aparecem abaixo de algumas publicações potencialmente enganosas. Essas notas são propostas e escritas por usuários voluntários, inscritos previamente, e não são editadas pelo X.

Depois, “outros usuários avaliam se a nota é útil ou não, com base em diferentes critérios, como a relevância das fontes e a clareza da informação”, diz Lionel Kaplan, presidente da agência de criação de conteúdo para redes sociais Dicenda.

De acordo com o X, as avaliações “levam em conta não apenas o número de colaboradores que classificaram uma publicação como útil ou inútil, mas também se as pessoas que a avaliaram parecem vir de diferentes perspectivas”. O princípio é semelhante ao da Wikipedia.

“Se muitas pessoas afirmam que uma informação falsa é verdadeira, o algoritmo tende a reforçar essa narrativa. É justamente aí que reside o perigo. Já estávamos vendo um pouco no que se transformou o X”, afirma Phillips.

Débora Salles, coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab) da UFRJ, avalia que as mudanças da Meta, além de representarem um retrocesso no combate à desinformação, devem aprofundar problemas na transparência de moderação de conteúdo. Isso porque a empresa não revela o que faz com as denúncias, nem quantas recebe.

“Eles se apropriam da ideia de que as plataformas dão voz ao povo, mas, na prática, são ferramentas manipuláveis. O que temos visto é um ambiente cada vez mais marcado por discursos tóxicos, com pouca moderação e ferramentas apropriadas por grupos interessados em distorcer debates”, salientou.

Natalia Leal, presidente executiva da Agência Lupa, considera preocupante que a Meta ofereça como alternativa à checagem um sistema baseado no engajamento do usuário, que terá que permanecer mais tempo conectado:

“Isso significa que os usuários tenham que permanecer muito mais tempo dentro das plataformas. Ao fim e ao cabo, esse é o objetivo, porque a Meta tem um negócio baseado em exposição à publicidade”, disse.

Em um post, o diretor de Assuntos Globais da Meta, Joel Kaplan, disse que Notas de Comunidade “são escritas e classificadas por usuários participantes”. E que a empresa pretende ser transparente “sobre como diferentes pontos de vista informam as Notas exibidas em nossos aplicativos.”

Para Francisco Brito Cruz, do InternetLab, as Notas poderiam complementar a checagem, não substituí-la.

“Sob o pretexto de ‘restaurar a liberdade de expressão’, as propostas delineadas não apenas colocam em risco grupos vulnerabilizados que usam esses serviços, mas enfraquecem anos de esforços globais para promover um espaço digital um pouco mais seguro, inclusivo e democrático”, diz o manifesto da Coalizão Direitos na Rede. Ele é assinado, entre outros, por Repórteres sem Fronteiras e Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). As informações são do portal de notícias O Globo.

 

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