Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Saúde Especialistas alertam sobre importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

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A cada 3 minutos uma criança morre vítima do câncer no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta terça-feira (15) ocorre o Dia Mundial de Combate ao Câncer Infantojuvenil, doença que mais mata crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil, respondendo por cerca de 8% das mortes infantis, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Para os especialistas, não há dúvidas: o diagnóstico precoce aumenta a possibilidade de cura e sobrevida dos pacientes. O Inca estima que, no Brasil, o número de casos novos de câncer infantojuvenil, para cada ano do triênio, será de 137,87 novos casos por milhão no sexo masculino e 139,04 por milhão para o sexo feminino.

Segundo a médica oncologista e hematologista Isis Magalhães, o câncer infantojuvenil pode ocorrer na criança “independentemente de sua idade, sexo, cor ou etnia, condição nutricional ou socioeconômica”. A especialista ressalta que metade dos casos ocorrem antes dos cinco anos de idade, 25% entre 5 e 10 anos de idade e os outros 25%, na adolescência.

Este é o caso do Bruno Fonseca, 10 anos, diagnosticado aos 2 anos com Leucemia Mielóide Aguda. A mãe do menino, Eduarda Fonseca, conta que os dois moravam no Maranhão quando o Bruno caiu e bateu a cabeça. Um inchaço persistente no olho do garoto, provocado pela queda, chamou a atenção dos médicos.

“Lá (no Maranhão) a gente não estava conseguindo descobrir o que era. Então, viemos para Brasília (DF). Assim que chegamos ele foi encaminhado pro Hospital da Criança. Após investigação minuciosa, descobriram o câncer e ele já iniciou o tratamento”, conta a diarista.

“Dois anos depois, em 2016, o câncer voltou. Daí teve que começar tudo de novo. A gente teve que ir pra São Paulo pra ele fazer o transplante de medula. Ele tratou e hoje está bem graças a Deus”, desabafa.

Eduarda associa a cura do filho ao fato dele ter sido diagnosticado antes da evolução da doença. “A gente descobriu quando estava no início ainda. Foi muito difícil, mas agora ele está bem, está curado, estuda e continua alegre, graças a Deus, ao tratamento e ao transplante de medula”, conta.

A oncologista Isis conta que a leucemia linfóide aguda é o tipo de câncer mais comum nas crianças. No entanto, segundo a médica, com o uso de protocolos de quimioterapia dose e temporalmente intensivos, é possível alcançar taxas significativas de cura, que atualmente chegam a 80%.

“Alguns tipos de leucemias resistentes necessitam desses tratamentos mais recentes como ponte para o transplante de medula óssea. É possível resgatar algumas crianças mesmo em recaídas e com resistência aos tratamentos quimioterápicos”, diz a oncologista, ao reafirmar que a ênfase deve ser dada ao diagnóstico precoce, preciso e ao tratamento adequado.

Artigo

Um artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) informa que, na criança, o câncer acontece de forma diferente do adulto. “Originam-se, predominantemente, de células embrionárias, possuem curto período de latência e, em geral, apresentam crescimento rápido, são mais agressivos e invasivos, porém respondem melhor ao tratamento e possuem, em geral, melhor prognóstico que o câncer do adulto.”

Segundo a associação, a maioria dos cânceres infantis resultam de mudanças no DNA que acontecem no início da vida da criança, às vezes antes do nascimento. “Essas mutações são adquiridas, e estão presentes apenas nas células neoplásicas. Na maioria dos estudos hoje disponíveis não há evidências que suportem papel etiológico maior para os fatores ambientais ou outros fatores exógenos no câncer infantojuvenil”, esclarece a SPB.

Sendo assim, diferentemente do adulto, na criança e adolescente raramente é possível a prevenção primária do câncer, exceto pela vacinação contra hepatite B e contra papilomavírus humano (HPV). No entanto, a SBP também reforça que é fundamental atuar na prevenção secundária, principalmente no diagnóstico precoce da doença.

Importância

Especialistas afirmam que diagnosticar o câncer precocemente garante menor impacto na saúde da criança e maiores chances de cura e sobrevida. O oncologista João Nunes também ressalta que, atualmente, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pelo câncer podem ser curados. “O diferencial, como sempre, é o diagnóstico precoce”.

De acordo com o especialista, os avanços garantiram que mais de 84% das crianças com câncer sobrevivessem cinco ou mais anos. “Esse é um aumento considerável desde meados da década de 1970, quando a taxa era de apenas 58%. Porém, as taxas de sobrevida variam com o tipo de câncer e outros fatores”, estima o médico.

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