Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 5 de dezembro de 2021
Descobertas científicas podem vir de onde menos se espera, como o quintal da casa de alguém. Mais especificamente, a de Virendar Bhardwaj, aluno da Universidade Guru Nanak Dev, na Índia.
Virendar passou os primeiros meses da pandemia em Chamba, cidade situada na base do Himalaia, a 220 km de sua universidade. O estudante aproveitou a pausa das atividades presenciais para se dedicar à exploração dos arredores, compartilhando fotos em sua conta no Instagram.
Acontece que, entre os vários cliques de répteis, pássaros e insetos, uma foto postada em junho de 2020 despertou a atenção de cientistas. Era o registro de uma pequena cobra preta e branca, que aparece também em um vídeo, sacudindo sua língua bifurcada.
Virendar identifica o animal como uma cobra kukri. É assim que são conhecidas as cobras do gênero Oligodon, porque seus dentes lembram uma kukri, adaga curva tradicional no Nepal.
Quem encontrou a foto na rede social foi Zeeshan Mirza, que estuda répteis e anfíbios no Centro Nacional de Ciências Biológicas da Índia. Ele percebeu que o animal era semelhante a uma cobra kukri comum (Oligodon arnensis), mas possuía diferenças em vários aspectos.
O cientista entrou em contato com Virendar e percebeu que a cobra, conhecida pela população local, parecia pertencer a uma espécie ainda não identificada. Então, uma equipe capturou duas cobras (um macho e uma fêmea) para examiná-las.
O estudo foi publicado recentemente na revista Evolutionary Systematics. Ele só saiu agora porque a pandemia prejudicou o funcionamentos dos laboratórios por lá – o que atrasou a investigação.
Na pesquisa, os cientistas analisaram uma série de aspectos das cobras, como seu número de escamas e o formato do crânio. Eles também coletaram DNA para comparar os genomas com os de outras espécies – outra estratégia usada para confirmar que uma espécie se trata, de fato, de uma novidade.
A suspeita logo se confirmou. A nova espécie foi batizada de Oligodon churahensis, em homenagem ao Vale Churah, local da descoberta. Ponto para o Instagram.
A região oeste do Himalaia possui uma grande variedade de répteis que os cientistas ainda estão começando a descobrir e documentar. Por isso, Mirza defende que mais pesquisas sobre a biodiversidade do local precisam ser feitas. É melhor Virendar continuar alimentando o seu perfil.
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