Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

Home Tecnologia Estados Unidos classificam a inteligência artificial como um risco para o sistema financeiro; entenda

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Altas autoridades de órgãos reguladores dos EUA veem a inteligência artificial (IA) como uma vulnerabilidade iminente para a estabilidade financeira, sublinhando a preocupação crescente de Washington com os riscos sistêmicos criados pela nova tecnologia em expansão.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, indicou ontem que órgãos reguladores dos EUA farão da IA e as ameaças que ela pode trazer, uma prioridade em 2024. O presidente dos EUA, Joe Biden, já assinou uma ordem executiva para que sejam estabelecidos padrões para a tecnologia na proteção da segurança e da privacidade, no que a Casa Branca vê como uma regulação necessária para o desenvolvimento da IA.

Durante uma reunião do Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira, que também inclui os chefes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e da SEC (órgão regulador do mercado de capitais nos EUA), Yellen disse que o grupo deveria focar em monitorar tecnologias em desenvolvimento e seus riscos relacionados. Esse conselho foi criado logo após a crise financeira de 2008 para evitar riscos sistêmicos.

“Este ano, o conselho identificou especificamente o uso de inteligência artificial em serviços financeiros como uma vulnerabilidade no sistema financeiro – disse ela antes da divulgação do relatório anual do grupo.” “O apoio à inovação responsável nessa área pode permitir que o sistema financeiro colha benefícios como maior eficiência, mas também há princípios e regras existentes para o gerenciamento de riscos que devem ser aplicados.”

Os gigantes de Wall Street adotaram a inteligência artificial este ano, aumentando suas fileiras com engenheiros de dados e analistas quantitativos. O possível impacto da IA nas finanças gerou alertas de reguladores seniores, incluindo o presidente da SEC, Gary Gensler, e Michael Barr, do Fed.

Em seu relatório anual, o conselho delineou uma série de riscos que a IA poderia introduzir ou ampliar nas instituições financeiras, incluindo sua capacidade de aplicar tendências discriminatórios em empréstimos, especialmente para programas de IA que operam como “caixas pretas”, tornando seus resultados difíceis de explicar.

“Uma preocupação especial é a possibilidade de que os sistemas de IA com desafios de explicabilidade possam produzir e possivelmente mascarar resultados tendenciosos ou imprecisos”, disse o relatório. “Isso poderia afetar, mas não se limitar a, considerações de proteção ao consumidor, como empréstimos justos.”

Apesar de toda a nova atenção dada à IA, o relatório foi curto em propostas regulatórias específicas, oferecendo apenas uma vaga orientação aos órgãos membros e às empresas financeiras.

“O Conselho recomenda que as instituições financeiras, os participantes do mercado e as autoridades regulatórias e de supervisão desenvolvam ainda mais a experiência e a capacidade de monitorar a inovação e o uso da IA e identificar os riscos emergentes”, afirmou.

Em seus comentários, Yellen também mencionou vários outros riscos à estabilidade financeira que o conselho está observando de perto, desde as altas taxas de juros – inclusive para imóveis comerciais e residenciais – até as mudanças climáticas e ameaças cibernéticas. Ela também fez questão de mencionar “áreas do sistema financeiro em que a alavancagem está aumentando”.

Essa foi uma referência não tão velada aos fundos de hedge, onde a alavancagem surgiu como uma preocupação para os órgãos reguladores.

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