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Por Redação Rádio Pampa | 10 de fevereiro de 2022
Pacientes que testaram positivo para covid e que tinham um quadro histórico de deficiência de vitamina D tiveram 14 vezes mais chances de ter um caso grave ou crítico da doença do que aqueles com níveis normais do nutriente, segundo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Bar-Ilan e do Galilee Medical Center, publicado na última semana pela revista científica PloS ONE (Public Library of Science).
Segundo a análise, um nível mais baixo de vitamina D foi mais comum em pacientes com um quadro grave ou crítico da doença (87,4%) do que em indivíduos com um quadro leve ou moderado (34,3%).
O trabalho é um dos primeiros do tipo a analisar os níveis de vitamina D presentes no sangue antes da infecção com o SARS-CoV-2.
Apesar desse ineditismo, especialistas ressaltam que são vários os fatores que influenciam um caso grave de covid e que, embora a vitamina D desempenhe uma importante função no sistema imunológico, ainda não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre níveis baixos do hormônio e um pior curso da doença.
Papel no organismo
Desde o início da pandemia, há um debate na comunidade científica sobre a relação entre a vitamina D e um potencial tratamento contra a covid, algo que não tem comprovação até o momento. Mensagens falsas divulgadas nas redes sociais associavam até mesmo que altos níveis do composto no organismo poderiam reduzir a quase zero a chance de morte pela covid.
O estudo, revisado por pares, não faz nenhuma associação do tipo nem recomenda uma hipervitaminose (que pode, inclusive, causar cálculos renais) com a ingestão de suplementos vitamínicos. Pelo contrário.
O que os pesquisadores sugeriram é que “o histórico de deficiência de vitamina D de um paciente é um fator de risco preditivo (antecipado) associado a um pior curso clínico da doença e à mortalidade”.
A vitamina atua principalmente na saúde dos ossos, pois promove a absorção de minerais, como o cálcio e fósforo. No sistema imunológico, a vitamina D também tem o papel de regular as chamadas citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, proteínas que atuam na resposta imune, melhorando a defesa do organismo.
Assim, níveis baixos da vitamina no corpo podem contribuir para uma pior resposta imunológica.
“A vitamina D participa da regulação da imunidade inata e adquirida, nos protegendo de patógenos que entram no nosso organismo; além do papel na ativação da memória imunológica. Porém isto acontece quando há níveis normais de vitamina D”, afirma Sergio Setsuo Maeda, médico e vice-presidente da ABRASSO (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo).
Ressalvas
No estudo israelense, os pesquisadores olharam para a presença da vitamina nos prontuários médicos de 253 pacientes admitidos em um centro hospitalar do norte do país entre 14 dias e 2 anos antes do teste PCR positivo dessas pessoas. Esse método novo facilita uma avaliação mais precisa do que durante a internação, quando os níveis podem ser menores por consequência da doença.
Somado a isso, o estudo também avaliou fatores como idade, sexo, estação do ano (verão/inverno), doenças crônicas e encontrou resultados semelhantes em todos os aspectos, destacando que o baixo nível de vitamina D contribui significativamente para a gravidade e mortalidade da doença.
Para o dado da mortalidade, os pesquisadores calcularam que entre os pacientes com níveis suficientes de vitamina D a taxa foi de 2,3%. Em contraste com esse percentual, o grupo com deficiência de vitamina D apresentou uma taxa de 25,6%.
Suplementação
“Nossos resultados sugerem que é aconselhável manter níveis normais de vitamina D. Isso será benéfico para quem contrair o vírus”, disse o pesquisador principal do estudo da Bar-Ilan, Amiel Dror.
Outros estudos já mostraram que a suplementação de vitamina D para pacientes com covid não traz benefícios. Uma pesquisa da USP inclusive, divulgada no ano passado, revelou que a suplementação não trouxe melhoras para casos graves ou moderados (o estudo não avaliou o efeito da suplementação em pessoas com formas leves).
Para os especialistas, a manutenção de níveis adequados de vitamina D é fundamental.
“Isso que eu acho que é o grande recado, é manter essa vitamina D normalmente. Isso vai ser bom para o esqueleto, para o tecido muscular e provavelmente vai ajudar no sistema imunológico”, avalia a médica Carolina Moreira.
A especialista explica que a maioria da pessoas suprem suas necessidades de vitamina D através da exposição natural à luz solar, a principal fonte de sua produção. Uma simples caminhada ao sol ou ida ao parque já é suficiente para que o corpo absorva vitamina D.
“O valor seguro para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia é até 60 ng/ml. Então não é quanto mais melhor, é o contrário. Se eu tenho uma vitamina D abaixo de 10, o meu risco de infecção existe. Mas se eu tenho uma vitamina D de 60, 70, 80, isso não quer dizer que minha proteção será aumentada”, alerta a endocrinologista.
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