Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 21 de julho de 2024
Num momento em que o calor anômalo afeta boa parte do planeta, uma análise da Nasa, a agência espacial americana, destaca que alguns lugares do mundo podem se tornar inabitáveis nas próximas décadas com a escalada das temperaturas. Áreas do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte e do Sudeste do Brasil estão incluídas num estudo que mapeou cinco regiões da Terra onde o calor pode tornar impossível a sobrevivência humana dentro de 50 anos.
Neste momento, o vermelho, que marca as temperaturas acima da média, é a cor dominante do mapa global. Países do Hemisfério Norte, onde é verão, sofrem com ondas de calor, como a que afeta desde a semana estados do Oeste e do Leste dos Estados Unidos. No Hemisfério Sul, o inverno não tem força para impedir que as temperaturas passem dos 35ºC em cidades do Centro-Oeste, Nordeste e Norte do Brasil.
O aumento da temperatura é uma das principais consequências das mudanças climáticas. Cientistas enfatizam que a tendência é que o mundo continue a esquentar, caso das emissões de gases do efeito estufa continuem a seguir em ritmo acelerado. Ondas de calor já têm se tornado mais frequentes e severas.
O alerta de que parte do mundo pode se tornar inabitável veio de um estudo integrado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. O trabalho analisou os extremos de calor e umidade e foi publicado na revista científica Science Advances.
Para fazer o estudo, Raymond e seus colegas usaram imagens de satélite e projeções da temperatura de bulbo úmido. Esta medida de conforto térmico considera não apenas a temperatura, mas também a umidade do ar.
Embora o ar seco possa ser desagradável, é a umidade que aumenta significativamente a sensação de calor. Isso acontece porque a transpiração é um dos principais mecanismos de resfriamento do corpo humano. Porém, quando está muito úmido, o suor não evapora e isso faz com que o calor não seja dissipado.
Com a temperatura igual ou superior 37ºC com mais de 70% de umidade do ar qualquer pessoa pode começar a ter problemas de saúde.
Mas, a ciência usa a chamada temperatura de bulbo úmido para se balizar. Se estima que mesmo a mais saudável das pessoas superaquecerá e poderá morrer se permanecer numa temperatura de bulbo úmido acima de 35ºC por mais de seis horas. Esses 35ºC de bulbo úmido equivalem a 45ºC com 50% de umidade, o que dá uma sensação térmica de 71ºC.
Além dos limites
O corpo consegue se manter suando a 45ºC com 20% de umidade. Porém, se a umidade passar de 40%, essa combinação pode ser letal porque a capacidade de suar e assim dissipar calor, se reduz. Não se sabe quase nada sobre como as pessoas podem ser adaptar à exposição a temperaturas assim por vários dias.
Há alguns anos, se considerava quase impossível que essa temperatura de bulbo úmido fosse atingida. No entanto, o estudo mostrou que desde 2005 isso já acontece em alguns lugares do Golfo Pérsico e do Paquistão. Segundo o estudo, continuada a tendência de aquecimento, essas temperaturas extremas vão se tornar progressivamente mais elevadas e frequentes ao longo das próximas décadas.
A seguir, as áreas onde os cientistas estimam que a combinação de calor e umidade extremos impedirão que sejam habitadas em torno de 2070:
* Sul da Ásia
Esta região, onde vivem milhares de milhões de pessoas, poderá registar temperaturas de bulbo húmido superiores a 35 graus Celsius até 2070. Isto significa que a combinação de calor e umidade poderá atingir níveis perigosos para a saúde humana, mesmo para pessoas saudáveis.
* Golfo Pérsico e Mar Vermelho
As temperaturas nessas regiões também já são extremamente elevadas e a previsão é a de que aumentem ainda mais nas próximas décadas. A combinação de calor e umidade poderá tornar a região inabitável até 2070.
* Partes da China, Sudeste Asiático e Brasil
Essas regiões também poderão enfrentar condições inabitáveis nas próximas décadas, embora o prazo exato seja mais incerto. Porém, a derrubada de árvores e o consumo irresponsável de recursos naturais podem provocar uma aceleração no aumento da temperatura.
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