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Por Redação Rádio Pampa | 21 de maio de 2022
Um estudo científico divulgado recentemente aponta que os cães da raça pug enfrentam problemas de saúde tão graves que “não podem mais ser considerados um cachorro típico do ponto de vista da saúde”.
Pesquisas do Royal Veterinary College revelaram que a saúde dos pugs agora é substancialmente diferente e muito pior que a de outros cachorros.
O estudo comparou a saúde de 4.308 pugs com 21.835 cães de outras raças.
Os pugs do Reino Unido são quase duas vezes mais propensos a sofrer um ou mais distúrbios por ano, em comparação com outros cães.
Os cachorros braquicefálicos — aqueles com focinho e cabeça achatados, como pugs, buldogues e boxers — foram criados para ter essa aparência distinta.
Nos últimos anos, os pugs aumentaram em popularidade, com um aumento de cinco vezes nos registros da raça no Reino Unido de 2005 a 2017.
Problemas de saúde
No geral, os pugs são cerca de 1,9 vezes mais propensos a ter um ou mais distúrbios registrados em um único ano em comparação com outras raças.
As descobertas não são uma surpresa para Myfanwy Hill, uma cirurgiã veterinária que trabalha na Universidade de Cambridge.
“O problema é que você tem um cachorro com um crânio menor, mas nada mais nesse cachorro ficou igualmente menor”, diz.
Ela afirma que “os cérebros dos pugs são espremidos em uma caixa muito pequena”, e outros tecidos moles são “espremidos em um espaço menor”.
Isso causa muitos dos problemas enfrentados pela raça, incluindo dificuldades para a respiração, e problemas de pele e nas costas.
A síndrome das vias aéreas obstrutivas braquicefálicas — um problema respiratório — foi o distúrbio com maior risco registrado nos pugs, com a raça quase 54 vezes mais propensa a desenvolver essa condição.
Hill diz que, com as narinas estreitas, os pugs “respiram como se utilizassem um canudo muito estreito”, o que torna coisas simples como a respiração um “trabalho muito mais difícil”.
Ela acrescenta que a “imagem comum que temos dos pugs” como cães “sorridentes” e com a língua de fora, parecendo que estão ofegantes, não é a imagem “alegre” que podemos pensar.
“Realmente, eles estão tendo que respirar pela boca, porque não conseguem respirar de maneira eficiente pelo nariz.”
Pugs também têm um maior risco de infecções de dobras cutâneas. Hill diz que “eles têm mais pele do que precisam para o tamanho do rosto”, o que pode causar infecções de pele, criando dor e coceira.
E a “cauda atraente”, geralmente elogiadas pelas pessoas, na verdade mostra uma “vértebra mal formada” que pode resultar em mais hérnias de disco.
A pesquisa também mostrou que os pugs têm um risco reduzido de algumas condições, incluindo sopro cardíaco, agressão e feridas.
Mas os pesquisadores apontam que suas descobertas indicam que muitos pugs podem sofrer de saúde e têm bem-estar seriamente comprometidos.
“Agora sabemos que vários problemas de saúde graves estão ligados à forma extrema do corpo dos pugs que muitos humanos acham fofos”, disse Dan O’Neill, professor associado de epidemiologia de pets e principal autor do artigo.
Ele diz que é importante “focar na saúde do cachorro e não nos caprichos do dono quando estamos escolhendo que tipo de cão ter”.
“Enquanto essas características extremas e insalubres permanecerem, continuaremos a recomendar fortemente que os proprietários em potencial não comprem raças braquicefálicas, como pugs”, acrescentou Justine Shotton, presidente da British Veterinary Association.
Hill diz que as pessoas que compram cães o fazem “de boa fé” e é importante “não atribuir culpa”.
Mas há coisas que podem ser feitas pelos donos de pugs que já existem, como procurar diminuir sintomas de dificuldades respiratórias, respiração ofegante excessiva ou muito barulho durante a respiração.
Nos meses do verão, os pugs correm mais risco de desenvolver problemas relacionados ao calor porque têm menos vias aéreas — portanto, precisam ser mantidos em locais mais frescos, diz ela.
E enquanto os “corpos em forma de barril são realmente fofos”, o controle do peso é importante porque “um pug com excesso de peso corre um risco ainda maior”.
“Os animais têm pensamentos e sentimentos próprios. E precisamos garantir que eles tenham uma vida longa, feliz e saudável”, acrescenta Hill.
No Ar: Pampa Na Tarde