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Por Redação Rádio Pampa | 22 de agosto de 2022
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) identificou uma região cerebral que apresenta “potencial de alteração precoce por Alzheimer”, doença neurodegenerativa que leva à perda de memória.
Conhecida como cíngulo posterior, a zona cerebral, em fases iniciais da doença, apresentou, segundo a análise, “inflamação neuronal, acumulação de amiloide (proteína anormal geralmente produzida na medula óssea) e atividade neuronal aparentemente compensatória”.
— A descoberta pode ter implicações muito relevantes em termos de terapias futuras, dado que identifica, com clareza, um alvo cerebral de alteração precoce, implicado na perda de memória, que pode ser estudado diretamente e de forma focada em novos ensaios terapêuticos — informou a UC, em nota enviada à agência Lusa.
Miguel Castelo-Branco, da Faculdade de Medicina (FMUC), um dos coordenadores do estudo, explica que a descoberta “abre caminho para o desenvolvimento e teste de terapias direcionadas à redução da neuroinflamação na doença de Alzheimer”.
— A região identificada é crítica, pois serve de pivô em processos de memória de curto e longo prazo, que sabemos estarem crucialmente afetados na doença de Alzheimer — destacou o pesquisador da FMUC.
O estudo incluiu a participação de pacientes “em fases muito iniciais da doença de Alzheimer e pessoas saudáveis com as mesmas características sociodemográficas”.
Para o estudo, os cientistas utilizaram “um conjunto de técnicas avançadas de imagem funcional e cerebral”, como a ressonância magnética funcional, “para medir a atividade cerebral em tarefas de memória”.
Doença
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada.
O mal instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles.
Como conseqüência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
O Alzheimer costuma evoluir de forma lenta. A partir do diagnóstico, a sobrevida média oscila entre 8 e 10 anos. O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:
– Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
– Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;
– Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
– Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor ao engolir. Infecções intercorrentes.
Entre os sintomas estão:
– falta de memória para acontecimentos recentes;
– repetição da mesma pergunta várias vezes;
– dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
– incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
– dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
– dificuldade para encontrar palavras que exprimam idéias ou sentimentos pessoais;
– irritabilidade, desconfiança injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.
No Ar: Pampa Na Tarde