Sexta-feira, 03 de Janeiro de 2025

Home Saúde Fertilidade masculina: cinco motivos por trás da queda na contagem dos espermatozoides

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A concentração de espermatozoides que os homens liberam durante a ejaculação caiu 51% nos últimos 50 anos. Esse é um dos principais achados de uma pesquisa recém-publicada feita na Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, e na Escola de Medicina de Monte Sinai, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores calcularam que, nos anos 1970, os homens tinham 101 milhões de células reprodutoras por mililitro de sêmen, em média. Esse valor caiu para 49 milhões recentemente.

Além da quantidade, as evidências também apontam uma queda na qualidade dos gametas masculinos: a porcentagem de células aptas a entrar no óvulo vem sofrendo baixas consideráveis nas últimas décadas.

A rapidez com que os homens perdem espermatozoides aumentou nos últimos anos. Segundo o mesmo trabalho feito em Israel e nos EUA, entre os anos 1970 e 90, a concentração de gametas caía 1,16% ao ano. Mas, a partir dos anos 2000, essa taxa subiu para 2,64%. Ou seja: mais que dobrou.

E esse é um fenômeno global: os cientistas observaram uma redução nos gametas em homens de todos os continentes, embora os números sejam mais acelerados em Europa, África, América Central e do Sul.

Além dos fatores ambientais e comportamentais por trás da queda nos espermatozoides, há duas questões intrínsecas que também contribuem para o fenômeno.
A primeira delas é a genética. Estima-se que entre 10 e 30% dos casos de dificuldade para ter um filho tenham a ver com algum problema no DNA masculino. O segundo está relacionado ao envelhecimento e ao fato de os homens buscarem a paternidade cada vez mais tarde.

Os especialistas apontam ao menos cinco causas.

Obesidade

O crescimento do tecido adiposo, que estoca a gordura, libera substâncias inflamatórias que afetam diretamente a testosterona, um dos hormônios mais importantes na produção dos gametas masculinos.

Eduardo Miranda, coordenador do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, aponta que o indivíduo obeso apresenta mais gordura na região genital, o que é péssimo para os espermatozoides.

Os testículos, local onde as células reprodutivas são fabricadas e armazenadas, precisam estar entre 1 e 2 °C abaixo da temperatura do organismo para funcionar bem — é por isso, inclusive, que a bolsa escrotal fica do lado de fora do corpo.

A questão é que esse aumento de gordura esquenta os órgãos reprodutores, que deixam de trabalhar como o esperado.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 39% dos homens têm sobrepeso e 11% são obesos em todo o globo.

Substâncias

Álcool, cigarro, vaper, narguilé, maconha, cocaína, anabolizantes… Sabe o que todas essas drogas têm em comum? Elas afetam a saúde dos gametas masculinos.

“Algumas dessas substâncias lesam diretamente as células germinativas, que dão origem aos espermatozoides”, resume Miranda.

Outras, porém, agem de modo indireto. Elas afetam a produção dos hormônios responsáveis por estimular o trabalho dos testículos.

O exemplo mais citado entre os especialistas é o da reposição de testosterona feita por meio de comprimidos, géis e injeções, usada indiscriminadamente como uma maneira de ganhar músculos.

DSTs

Doenças como clamídia e gonorreia, causadas por bactérias, podem provocar uma inflamação no epidídimo. Essa estrutura se conecta à parte superior dos testículos e é responsável por armazenar os espermatozoides. Uma alteração ali, portanto, representa um risco à sobrevivência dos gametas.

A OMS estima que, apenas em 2020, houve 129 milhões de novos casos de clamídia e 82 milhões de gonorreia entre homens e mulheres. Essa taxa se mantém estável ou em ascensão nas últimas décadas.

Notebooks

Estudos publicados na última década revelaram que o hábito de ficar com o notebook no colo representa um risco a mais para a fábrica de gametas. Isso porque a bateria do aparelho esquenta — e pode acabar “cozinhando” os espermatozoides.

Miranda aponta que outros hábitos relacionados a temperaturas mais altas também representam riscos à reprodução. É o caso, por exemplo, de banhos demorados na banheira com água quente ou longas horas em saunas.

Ainda no campo das tecnologias, o médico cita o possível efeito de ondas eletromagnéticas, sinais telefônicos e até da internet sem fio.

Disruptores

Para fechar a lista, os especialistas chamam a atenção para uma série de compostos tóxicos conhecidos genericamente como disruptores endócrinos.

Na lista, entram poluentes detectados na atmosfera, além de plásticos e pesticidas.

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