Domingo, 29 de Dezembro de 2024

Home em foco Fim da neutralidade: a Finlândia, que compartilha fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia, aderiu à Otan em 2023

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O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse nessa sexta-feira (27) que a aliança militar vai intensificar as patrulhas na região do Mar Báltico, enquanto os investigadores da Finlândia trabalham para determinar se um navio ligado à Rússia sabotou cabos submarinos na região esta semana.

As autoridades finlandesas assumiram o controle do navio, o Eagle S, na quinta-feira (26), enquanto tentavam determinar se ele havia danificado um cabo de energia que liga a Finlândia à Estônia e vários cabos de dados. Esse foi o mais recente de uma série de incidentes envolvendo a interrupção de infraestruturas importantes na região.

Em um post no X, Rutte disse que havia conversado com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, “sobre a investigação em andamento liderada pela Finlândia sobre uma possível sabotagem de cabos submarinos”. Rutte disse que “a Otan aumentará sua presença militar no Mar Báltico”.

Solicitada a fornecer detalhes sobre o que poderia ser feito e quando, a sede da Otan disse apenas que a aliança de 32 países “permanece vigilante e está trabalhando para fornecer mais apoio, inclusive aumentando nossa presença militar” na região.

A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia, aderiu à Otan em 2023, abandonando uma política de neutralidade de décadas.

Em outubro de 2023, em resposta a incidentes semelhantes, a Otan e seus aliados enviaram mais aeronaves de patrulha marítima, aviões de radar de longa distância e drones para voos de vigilância e reconhecimento, enquanto uma frota de caça-minas também foi enviada para a região.

O Eagle S tem bandeira das Ilhas Cook, mas foi descrito por funcionários da alfândega finlandesa e funcionários da União Europeia como parte da chamada “frota das sombras” russa de navios-tanque que transportam petróleo e gás, desafiando as sanções internacionais impostas por sua guerra contra a Ucrânia.

As embarcações antigas, geralmente de propriedade obscura, operam rotineiramente sem seguro regulamentado pelo Ocidente. O uso dessas embarcações pela Rússia levantou preocupações ambientais sobre acidentes, devido à sua idade e à cobertura incerta de seguro.

A âncora do Eagle S é suspeita de ter causado danos ao cabo, informou a emissora estatal finlandesa Yle, com base em declarações da polícia. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, foi questionado sobre a apreensão na sexta-feira, mas se recusou a comentar.

Após uma reunião de alto nível sobre o incidente, Stubb postou no X que “a situação está sob controle. Não temos motivos para nos preocupar”, acrescentando que a investigação continua. Ele disse que a Finlândia e a Estônia haviam solicitado ajuda extra da Otan.

Ele disse que novas medidas poderiam incluir “inspeções dos certificados de seguro das embarcações” na região. Stubb acrescentou que “também estamos procurando maneiras, com base no direito marítimo internacional, de responder de forma mais eficaz a incidentes semelhantes no futuro”.

Cabo de energia

O cabo de energia Estlink-2, que leva eletricidade da Finlândia para a Estônia através do Mar Báltico, caiu na quarta-feira (25), mas teve pouco impacto sobre os serviços. O incidente ocorreu após danos a dois cabos de dados e aos gasodutos Nord Stream, ambos considerados sabotagem.

Esses cabos de dados – um entre a Finlândia e a Alemanha e o outro entre a Lituânia e a Suécia – foram cortados em novembro. O ministro da Defesa da Alemanha disse que a causa provável foi “sabotagem”, mas não forneceu provas nem disse quem poderia ter sido o responsável.

Os dutos Nord Stream, que levavam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram danificados por explosões submarinas em setembro de 2022. As autoridades disseram que a causa foi sabotagem e iniciaram investigações criminais.

A Otan já havia aumentado as patrulhas perto da infraestrutura submarina depois que o gasoduto Nord Stream foi atingido. No ano passado, ela também criou uma célula de coordenação para aprofundar os laços entre governos, forças armadas e o setor de defesa e proteger melhor as instalações submarinas. (Estadão Conteúdo)

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