Sábado, 23 de Novembro de 2024

Home em foco França dividida: saiba quais são as lições da reeleição de Emmanuel Macron

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O presidente Emmanuel Macron conquistou sua reeleição no domingo (24) contra uma extrema direita em ascensão, em um segundo turno que trouxe à tona as fraturas em uma França que desafiará o centrista durante seu segundo mandato.

A seguir estão as principais lições de uma eleição presidencial em que Macron se tornou, com 58,5% dos votos, o primeiro presidente a ser reeleito desde 2002 e Le Pen, com 40,5%, obteve o melhor desempenho da extrema direita.

França dividida

As eleições deixaram o país dividido: uma França de aposentados e classe média alta que votou no vencedor Macron, de 44 anos, e outra mais popular e que se sente excluída, que apoiou sua rival, de 53 anos.

A primeira vive nas grandes cidades e na região Oeste. A outra, que optou por Le Pen, está localizada no antigo bastião industrial do Norte, a Leste, nas margens do Mediterrâneo e em seus territórios na América Latina e no Caribe.

Segundo as pesquisas, Macron obteve seus melhores resultados entre os maiores de 60 anos e, sobretudo, os maiores de 70. O centrista seduz especialmente executivos, aposentados e eleitores com pelo menos três anos de ensino superior.

A extrema direita atrai um eleitorado popular composto por trabalhadores e assalariados, especialmente sensível a uma campanha baseada na defesa de seu poder de compra sem negar a radicalidade de seu programa de migração.

Territórios ultramarinos

Marine Le Pen prevaleceu na maioria dos territórios ultramarinos: nos territórios americanos de Guadalupe (69,6%), Martinica (60,87%) e Guiana (60,70%), bem como na Reunião (59,57%) e Mayotte (59,10%), no Oceano Índico.

Exceto em Mayotte, onde Le Pen venceu, no restante o esquerdista Jean-Luc Mélenchon venceu no primeiro turno. O resultado da votação reflete assim um voto de protesto com uma crise social como pano de fundo.

“Se Le Pen é a maioria nesses territórios (…) é por causa de um voto pelo descarte, não por um voto de adesão ao seu programa”, disse Martial Foucault, especialista da Sciences Po em territórios ultramarinos.

O presidente centrista prevaleceu, por sua vez, nos territórios do Pacífico Sul: Nova Caledônia (61,04%), Polinésia Francesa (51,80%) e Wallis e Futuna (67,44%), segundo os resultados do Ministério do Interior.

Desencanto juvenil

Dos quase 49 milhões de franceses convocados às urnas, 28% se abstiveram, 2,5 pontos a mais que em 2017, quando já havia duelo entre Macron e Le Pen, e um recorde desde a eleição presidencial de 1969 (31%).

Outros 3 milhões de eleitores votaram em branco ou nulo. Se somados os abstencionistas, “mais de um terço do eleitorado decidiu não votar”, resumiu Mathieu Gallard, da Ipsos, na rádio France Info.

Por idade, 41% dos eleitores entre 18 e 24 anos se abstiveram, assim como 38% daqueles entre 25 e 34 anos, de acordo com uma pesquisa da Ipsos.

Esse percentual cai para 20% entre aqueles entre 60 e 69 anos e 15% entre aqueles com mais de 70 anos.

A desilusão com o primeiro turno levou os estudantes a ocupar temporariamente a Universidade da Sorbonne. Muitos denunciaram o equilíbrio social e ecológico dos cinco anos de Macron, mas também temiam que a extrema direita chegasse ao poder.

“Estou feliz que a extrema direita não tenha chegado ao poder, mas não acho que Emmanuel Macron realmente represente a grande maioria dos franceses”, disse à AFP Baptiste Dengremont, estudante de 20 anos de Lille.

Recomposição

A primeira lição veio na noite do primeiro turno. Os partidos tradicionais — socialistas e Republicanos —, afetados já em 2017, acabaram de ruir, diante de uma tabuleiro ocupado por Macron (centro), Le Pen (extrema direita) e Mélenchon (esquerda radical).

Os dois últimos buscam agora construir blocos em seus respectivos espaços políticos para arrancar a maioria parlamentar do centrista nas eleições legislativas de 12 e 19 de junho e forçá-lo a governar em conjunto.

Segundo pesquisas, mais da metade dos franceses quer que Macron perca sua maioria. A última “coabitação” remonta ao período de 1997 a 2002, quando o conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.

“Método renovado”

Consciente da situação política e social, Macron prometeu na noite de sua eleição governar “para todos os franceses”, responder à “raiva” dos que votaram em Le Pen e prometeu adotar um “método renovado” de governo.

Visto como “presidente dos ricos” e “arrogante”, seu primeiro mandato foi marcado por protestos contra sua política em relação às classes populares, como a dos “coletes amarelos”, e contra suas reformas, como sua promessa de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.

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