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Por Redação Rádio Pampa | 25 de junho de 2022
“Tenho consciência de que sou filha de um orixá vivo”. A frase dita por Preta Gil em recente entrevista dimensiona o legado do aniversariante deste domingo, dia 26. Embaixador da ONU, imortal da Academia Brasileira de Letras, ex-ministro e um dos artistas mais importantes da música brasileira, Gilberto Gil celebra seus 80 anos de vida cercado por homenagens e em plena atividade.
Nascido em Salvador, em 1942, Gil passou parte da infância em Ituaçu, no interior da Bahia. Foi lá onde o desejo de ser músico brotou no coração do menino que ouvia atentamente os sons dos sanfoneiros locais, das procissões pelas ruas da cidade e da música de Luiz Gonzaga tocada no rádio.
Uma frase do artista, registrada em seu site oficial, explica o início de sua relação com a música: “Eu soube que a música era minha linguagem, mesmo. Que a música ia me levar a conhecer o mundo, ia me levar a outras terras. Por que eu achava que tinha a música da terra e a música do céu”.
A sanfona foi o primeiro instrumento dominado por Gil, ainda na infância. Mais tarde, já vivendo em Salvador, recebendo a influência de Dorival Caymmi e também da bossa nova, descobriu o violão e, em seguida, a guitarra elétrica. Na Universidade Federal da Bahia, em 1963, conheceu Caetano Veloso, seu grande parceiro musical. Ao lado dele e de nomes como Tom Zé e Gal Costa, encabeçou o movimento cultural batizado de Tropicália.
Foi também nos anos 1960 que o baiano lançou seu primeiro LP, “Louvação”. Com canções como “Procissão”, “Roda” e “Viramundo”, o disco trazia os elementos regionais que tanto influenciaram o músico. Muitos outros sucessos viriam a seguir. No banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), Gil tem 784 músicas e 2.529 gravações registradas.
Música mais tocada
Segundo o levantamento feito pelo Ecad, a canção mais executada de Gil nos últimos 10 anos é “Vamos Fugir (Give Me Your Love)”, seguida por “Aquele Abraço”, “A Novidade”, “Não Chore Mais” e “Palco”. Já a composição com mais gravações é “Lamento Sertanejo”, parceria com o pernambucano Dominguinhos. Outra curiosidade apontada pelo escritório é que a palavra “amor” é a que mais aparece em títulos de músicas do artista, com 18 repetições.
Reality com os “Gil”
“Em Casa com os Gil”, série documental lançada na última sexta-feira no Amazon Prime Video, dá a oportunidade de conhecer um pouco da intimidade de um dos maiores ícones da MPB. O reality show acompanha a preparação para a turnê inédita pela Europa, que começa neste domingo e reunirá pela primeira vez todas as gerações da família do músico no mesmo palco.
Durante os seus cinco episódios, a série – que já tem uma segunda temporada garantida – toca em temas como o exílio político vivido por Gil durante a Ditadura Militar. Em coletiva realizada para divulgar o programa, ele falou sobre a experiência de ter o convívio familiar exposto para milhões de pessoas. “O desafio, para mim, era ter uma coisa que fosse palatável no sentido contemporâneo da imagem da televisão. Em que medida a nossa família poderia suprir esse papel de estar em foco como um grupo interessante, um grupo que despertasse o interesse das pessoas?”, contou.
Outras homenagens marcam as oito décadas do mestre. Uma delas é a mostra digital “O Ritmo de Gil”, realizada pela Google Arts & Culture, em parceria com o Instituto Gilberto Gil. Essa é a primeira retrospectiva sobre um artista vivo feita pela plataforma global.
O acervo conta com mais de 41 mil imagens, além de 900 vídeos e gravações históricas. Entre os materiais inéditos, está um álbum de 1982, gravado em Nova York, nunca lançado por Gil e que acabou perdido por ele. Fruto de uma pesquisa iniciada em 2018, a exposição online celebra a vida e a obra do músico, destacando como o seu trabalho impactou o Brasil e reverberou pelo mundo.
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