Domingo, 29 de Setembro de 2024

Home em foco Incidentes prévios, fragilidades e avisos ignorados: veja o que audiência revelou sobre a implosão do submarino Titan

Compartilhe esta notícia:

O Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira dos EUA concluiu nessa sexta-feira (27) duas semanas de audiências da Guarda Costeira sobre a implosão do submarino Titan, ocorrida em 2023 durante expedição aos destroços do Titanic. Revelações, detalhes e bastidores sobre o incidente expostos por testemunhos de ex-funcionários da empresa Oceangate, dona do Titan, e de especialistas indicaram diversas fragilidades do submarino, além de negligência – e até possivelmente ganância – dos donos da Oceangate. Alguns dos depoimentos – de membros da empresa e entusiastas da exploração marítima – também deram uma caracterização diferente: de pioneirismo.

O submarino Titan desapareceu no dia 18 de junho de 2023 durante uma expedição aos destroços do navio Titanic. Havia 5 pessoas no veículo, o então diretor-executivo da OceanGate, Richard Stockton Rush, um copiloto e três bilionários. Segundo a investigação, o veículo implodiu a cerca de 3.350 metros de profundidade por conta da pressão da água e todos os passageiros morreram instantaneamente.

As audiências sobre a implosão do submarino Titan compõem uma investigação da Guarda Costeira americana sobre o caso. O presidente do painel de Investigação Marítima disse que ainda há mais trabalho a ser feito antes que um relatório com conclusão das investigações e uma lista de recomendações seja apresentada à liderança da Guarda Costeira e, posteriormente, ao governo dos EUA.

O último dia de audiências nessa sexta não foi protocolar. O capitão Jamie Frederick, comandante da unidade de Boston da Guarda Costeira, pareceu chocado ao saber que o capitão do navio de apoio ao Titan disse ter sentido, em retrospectiva, uma leve trepidação no momento em que o submersível implodiu durante o mergulho no ano passado.

Frederick disse que era “inconcebível que eles não compartilharam isso” no momento que as buscas estavam sendo realizadas, entre 18 e 22 de junho de 2022.

Também nessa sexta, um funcionário da OceanGate testemunhou que se demitiu após uma conversa “tensa” em que o cofundador da empresa Stockton Rush disse a ele que o submarino seria registrado nas Bahamas e lançada do Canadá para evitar a fiscalização dos EUA — e descartou arrogantemente as preocupações regulatórias dos EUA se ela fosse para um porto americano.

Segundo o funcionário, Matthew McCoy, Rush lhe falou: “Se a Guarda Costeira se tornasse um problema, então ele compraria um congressista para resolver a questão.”

Incidentes e fragilidades

O casco de pressão de fibra de carbono do Titan foi o tema de grande parte da discussão durante a rodada de audiências. Uma testemunha especialista, Roy Thomas, engenheiro principal da American Bureau of Shipping, disse que apesar de ser um material forte e leve (mas é difícil de fabricar), a fibra de carbono é “suscetível a falhas por fadiga” sob pressurização repetida e a água salgada pode enfraquecer o material de várias maneiras.

Autoridades da Guarda Costeira observaram durante a audiência que o submarino não havia sido revisado de forma independente, como é prática comum. O cofundador da Oceangate, Guillermo Sohnlein, contestou afirmando que o Titan tinha certificações e vínculos com a Nasa e fabricantes espaciais. Funcionários da Nasa e da Boeing disseram que as empresas tiveram papéis limitados no processo de criação do Titan: enquanto a Nasa não quis ser associada a um submarino experimental, a Boeing se afastou da Oceangate quando os donos do Titan desviaram de recomendações feitas por eles.

Testemunhas relataram que ouviram sons altos de estalos em descidas anteriores. O engenheiro do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) Don Kramer afirmou que o casco do Titan apresentava imperfeições que remontam ao processo de fabricação e se comportou de maneira diferente após um “forte estrondo” ser ouvido durante mergulho um ano antes da tragédia.

O ex-diretor de operações da Oceangate, David Lochridge, afirmou em depoimento que a tragédia poderia ter sido evitada, porque ele avisou sobre falhas do submarino Titan em grandes profundidades em 2018, cinco anos antes da implosão.

Lochridge afirmou que detectou diversas falhas no Titan e elaborou, a pedido da diretoria da Oceangate, um relatório de controle de qualidade do submarino. Entre os problemas, o engenheiro apontou a fibra de carbono e disse que o submarino não havia sido testado na profundidade que desceria na expedição do Titanic. Quando ele os expôs para a diretoria e insistiu em mais testes no Titan ele foi demitido. As informações são do G1.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Entenda o que é o Hezbollah, grupo extremista libanês que está na mira de Israel
Fora de casa, Grêmio empata com o Botafogo em 0 a 0 pelo Campeonato Brasileiro
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Pampa News