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Por Redação Rádio Pampa | 17 de maio de 2022
A morte do cineasta Breno Silveira, no último sábado (14), vítima de um infarto fulminante durante a filmagem de uma cena de “Dona Vitória”, levantou a discussão sobre o impacto da covid na saúde do coração. Breno tinha 58 anos, era hipertenso e havia apenas se recuperado de uma infecção pelo novo coronavírus. As filmagens estavam sendo retomadas após um período de paralisação, em função do diagnóstico positivo do cineasta.
A cardiologista Viviane Cordeiro Veiga, coordenadora da UTI da Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a covid aumenta o risco de problemas cardiovasculares até mesmo em pessoas sem condições prévias e que apresentaram quadros leves da doença.
“O que a gente sabe e cada vez os estudos vêm demonstrando mais, é que a covid tem provocado inúmeras alterações cardiovasculares e cerebrovasculares. O que mais nos chama a atenção é um estudo publicado na Nature que mostrou que mesmo pacientes que tiveram quadros leves e que não tinham problemas cardiovasculares prévios, tiveram aumento do risco de complicações desse tipo”, explica Veiga.
Isso acontece porque a covid é uma doença sistêmica e não respiratória. Os danos em vários órgãos podem ocorrer tanto como uma consequência do ataque do próprio vírus, como em decorrência da resposta do organismo à infecção.
Estudos mostraram que o vírus provoca alterações no organismo que torna os vasos sanguíneos propensos a desenvolver coágulos e enfraquece as conexões do tecido que reveste esses vasos, tornando-os permeáveis em vez de vedá-los, como esperado quando há coágulos.
As complicações cardíacas podem aparecer tanto a curto quanto a longo prazo. Lesões no tecido cardíaco, como miocardite, inflamação do músculo cardíaco ou altos níveis de troponina foram observados nos pacientes meses após a internação pela covid.
Uma análise dos registros de saúde de mais de 150 mil pessoas do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos mostrou que pessoas recuperadas da covid tinham uma probabilidade 63% maior de ter um ataque cardíaco e 52% maior de ter um acidente vascular cerebral (AVC), do que pessoas que nunca contraíram a doença. Eles também apresentaram maiores riscos de insuficiência cardíaca, ritmos cardíacos irregulares, coágulos sanguíneos e distúrbios inflamatórios, como pericardite e miocardite.
Por isso, a cardiologista afirma que é importante que pacientes recuperados da doença mantenham a cardiovigilância. A recomendação vale para todos, mas é particularmente importante para aqueles que ficaram internados e que apresentam problemas prévios.
“Quem teve covid e já se recuperou, se começar a sentir dor no peito, palpitação, falta de ar ou sensação de desmaio, deve procurar o médico para fazer uma avaliação e um acompanhamento mais de perto”, alerta a médica.
As alterações provocadas pela infecção pelo novo coronavírus não podem ser prevenidas. Por isso, Veiga orienta que o ideal é minimizar o risco de ter covid, completando o esquema vacinal e mantendo os cuidados preventivos individuais. Também é fundamental controlar as condições de base, como obesidade, diabetes e hipertensão e ficar atento para qualquer sinal ou sintoma clínico diferente.
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