Sexta-feira, 18 de Outubro de 2024

Home Dennis Munhoz Inflação: o inimigo forte que foi subestimado por Biden

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Erro grave é não saber das forças e debilidades de nosso inimigo quando entramos na batalha. Foi exatamente isto que o presidente Joe Biden fez quando se deparou com um adversário interno e extremamente destruidor, a inflação.

Faz mais de quarenta anos que o povo americano não tem a mínima ideia da convivência e dos danos causados por este fenômeno, ou seja, só o americano com quase 60 anos lembra dos efeitos deste flagelo. Um país que convivia com taxas inflacionárias muito próximas de 1% ao ano, agora sente na pele, nas prateleiras e nas bombas de combustíveis, as consequências de uma taxa que beira os 9%.

Logicamente que, ao nos depararmos com esta situação, a tendência é associarmos todo este mal à pandemia e a invasão da Ucrânia. Porém, como sempre lembra aquele comercial de compras pela TV: “mas não é só isso!”
Apesar de quase todas as economias do mundo enfrentarem o problema inflacionário, a condução catastrófica utilizada pelo presidente Biden foi o alimento que turbinou o processo nos Estados Unidos.

O Governo americano emitiu mais de quatro trilhões de dólares para atender aos programas sociais durante a pandemia, o que por si só até seria compreensível, desde que, em muitos casos, não funcionasse como um incentivo ao ócio. Uma boa parte da força produtiva dos Estados Unidos preferiu ficar em casa e receber auxílio, durante vários meses, mesmo porque a diferença entre o valor entre o benefício e o salário, caso optasse por trabalhar, seria pequena.

Houve enorme expansão da base monetária (do dinheiro em circulação) enquanto faltavam bens e produtos devido a quebra da cadeia produtiva em consequência da pandemia. E nós sabemos o quê ocorre quando se tem excesso de dinheiro em circulação e falta de produtos no mercado: o aumento de preço.

No início de 2022, a dívida pública americana superou os 30 trilhões de dólares, aumentando em sete trilhões no período de um ano, um recorde jamais imaginado na maior economia do mundo.

Enquanto o presidente Biden insiste em viver em seu “país imaginário” e não acreditar na inflação, que já reina, e na recessão que se avizinha, tanto o Federal Reserve (Banco Central Americano) como renomadas figuras do mercado financeiro estão em alerta e receosos quanto ao último semestre deste ano e o primeiro de 2023.

A taxa de juros gerida pelo FED e que até bem pouco tempo chegou a ser negativa, foi aumentada drasticamente em junho, chegando a quase 2% ao ano, com uma perspectiva de atingir 3,5% até dezembro.

Os norte-americanos estão atônitos e carentes de informações, até porque não possuem o “know how” do brasileiro quando o assunto é inflação. Até mesmo a secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, admitiu não conseguir prever por quanto tempo a inflação continuaria a atormentar os consumidores e ainda acrescentou: “Acho que estava errada sobre o caminho que a inflação tomaria”, disse ela.

Quando muitos já alertavam sobre o aumento de preços e a dificuldade na contratação de mão de obra, o presidente Biden sugeriu aos americanos, durante um dos programas de televisão de maior audiência no país, “pay more”, aconselhando algo como “paguem mais” para manter os funcionários.

Ora, isso seria aceitável, e até louvável, se fosse em uma economia sem o “doping financeiro” incentivado pela administração do presidente. Mas como não existe almoço de graça, a conta chegou e tudo indica que a inflação não vai embora tão cedo, pois não apresenta sinais de declínio, muito pelo contrário, sobe a cada semana.

Não podemos negar que o aumento do valor do barril de petróleo devido a invasão da Ucrânia também alimenta este monstro. Mas, até nesse ponto, Joe Biden não soube atuar e utilizar a reserva estratégica do país para regular os preços.

O único sintoma que está influenciando negativamente no estratosférico valor do barril de petróleo é a perspectiva de recessão mundial e o consequente desaquecimento da economia. Ou seja, vamos produzir menos e consumir menos combustível. A velha lei da oferta e procura, que ninguém revoga.

O aumento da taxa de juros certamente provocará recessão na maior economia do mundo e prejudicando também, sensivelmente, a dos países emergentes, como o Brasil. Todavia, ninguém pode garantir se este remédio funcionará e quando.

Uma pesquisa realizada pela Reuters mostra que a popularidade de Biden já caiu para 39% e se aproxima do recorde negativo e que mais de 56% dos americanos desaprovam o seu desempenho. Todos os indícios estão apontando que o atual presidente deverá perder o controle das duas casas do Congresso após as próximas eleições legislativas, marcadas para o dia 08 de novembro.

 

Dennis Munhoz – advogado, jornalista e correspondente internacional da Rede Mundial e da Rádio Pampa.

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