Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 30 de abril de 2023
O influencer potiguar Brendo Yan teve morte cerebral confirmada no meio da semana que passou após ficar internado por comer um bolinho de aipim recheado com camarão. Brendo era alérgico ao alimento, e, assim com ele, milhares de outras pessoas não podem ingerir esse fruto do mar, que protagoniza uma das alergias mais comuns no Brasil. Mas por que tantas pessoas manifestam reações alérgicas ao camarão e outros frutos do mar?
Os frutos do mar se dividem em dois grupos: os crustáceos — camarões, caranguejos, lagostas e outros animais de corpo segmentado —, e os moluscos — lulas, polvos e ostras, por exemplo. Cada grupo apresenta substâncias alergênicas, diferentes entre si, embora a mais frequente seja comum a ambos: a tropomiosina, uma proteína estável e resistente à temperatura (portanto, não desaparece no cozimento) e à digestão em meio ácido, presente nos músculos dessas criaturas, que pode causar reações alérgicas graves.
Essa proteína pode, inclusive, ser liberada no ambiente através do vapor, o que pode representar um risco aos alérgicos apenas ao entrar na cozinha. Além disso, a tropomiosina também se apresenta como alérgeno em ácaros e baratas. Por isso, pessoas com rinite e asma podem ser mais propensas a manifestar alergias alimentares.
Outras substâncias alergênicas são a quinase, a arginina, a miosina, entre outras. Se a reação alérgica for somente a um desses elementos, é possível que a alergia seja restrita a um único fruto do mar, e não a todo o grupo. Nesses casos, é importante consultar um alergologista para saber quais os crustáceos e os moluscos seguros para consumo e quais não.
Mesmo com alguns já mapeados, ainda não é possível saber quais são as substâncias alergênicas em cada crustáceo e molusco. A reação à ingestão de camarão, por exemplo, pode ser causada devido ao metabissulfito de sódio. Embora não esteja presente diretamente no animal, o composto químico é utilizado muitas vezes como um esterilizante e antioxidante (substância que aumenta o tempo de prateleira de industrializados) — inclusive para conservar o crustáceo.
1) Quais os sintomas e como tratar?
A alergia alimentar pode vir acompanhada de diversos sintomas, geralmente depois da ingestão do alimento: vermelhidão, coceira e inchaço na pele, dor abdominal, vômito e diarreia, palidez, tontura, desmaio e lábios arroxeados, além de tosse, espirro, broncoespasmos, chiado e falta de ar. Em casos mais graves, a pressão arterial pode cair e levar à uma parada cardíaca, provocando choque anafilático.
Caso haja contato acidental de alérgicos com esses alimentos, o ideal é contornar a situação com medicamentos, como anti-histamínicos e corticoides. Porém, o mais eficiente pode ser também o mais difícil: excluí-los de sua alimentação.
Segundo a mulher do influencer Brendo Yan, Victoria Figueiredo, os dois ganharam os bolinhos com camarão de um vizinho, mas não sabiam qual era o recheio.
No sábado (22), logo após ingerir o salgado, Yan começou a se sentir mal e tomou um medicamento antialérgico. Sem sinais de melhora, foi levado a um pronto-socorro em Natal, onde teve uma parada cardíaca e precisou ser reanimado pelos médicos.
“Estávamos em uma chamada de vídeo com minha mãe, e ele deu tchau e saiu da ligação. Quando desliguei, ele já tinha começado a comer o bolinho. Ai perguntei: ‘é o que tem dentro?’ e ele disse que era frango. Eu falei que tinha cheiro de peixe, mas realmente não tinha gosto e nem cheiro de camarão, estava bem desfiado”, contou Victoria.
No Ar: Pampa Na Tarde