Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Ciência Insetos têm população e biodiversidade em queda no Brasil

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Estudos em diversas partes no mundo apontam tendência de redução nas populações e insetos, mas atá agora pouco se sabia sobre o Brasil, local que abriga grande variedade desses animais. Um grupo de cientistas finalmente conseguiu reunir em uma única análise 75 observações sobre populações desses bichos, e o resultado mostra que seu número está em queda.

O trabalho, coordenado pelo biólogo Thomas Lewinsohn, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teve que contornar um problema difícil: a escassez de pesquisas brasileiras de longo prazo para monitorar populações de insetos de maneira sistemática. Para cobrir a lacuna de dados, o cientista e outros três colegas arranjaram uma maneira de contabilizar num só trabalho estudos formais e considerações de outros entomólogos sobre suas experiências de campo.

O trabalho reuniu estudos que versavam sobre medidas de quantidade para 39 conjuntos estudados e medidas de biodiversidade para 38 diferentes áreas estudadas. O resultado preocupante é que 19 observações mostram populações em queda, e 14 mostram a biodiversidade em queda, em quatro dos seis biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pampa).

Apesar das limitações de não poder contar com muitos estudos quantitativos, essa avaliação é a mais abrangente feita no País até agora abarcando vários subgrupos de insetos. O resultado, que divide as avaliações entre insetos aquáticos, borboletas/mariposas, abelhas e outros insetos terrestres.

O grupo aquático, com libélulas e outros animais de habitat alagado, foi o que apresentou situação menos preocupante. Os cientistas acreditam, porém, que o resultado pode ser um artifício, já que algumas séries de coletas começaram em locais que já estavam deteriorados.

O panorama geral mostrado no estudo, de qualquer forma, indica uma tendência de declínio, ainda que seja difícil quantificar esse declínio. Lewinsohn afirma que esse cenário está longe de ter sido uma grande surpresa, porque o sumiço dos insetos é algo que pode ser notado até como experiência informal.

“Eu moro a uns 5 km da Unicamp, num local que era uma antiga fazenda, depois foi convertida em chácaras. A gente veio para cá em 1978, e nessa época não tinha luz de rua. A luz externa que eu tinha na casa, e uma parede branca, funcionavam como uma armadilha luminosa de insetos”, conta o cientista.

O estudo não tratou do motivo na redução da quantidade de insetos no país, mas a perda de hábitat é considerada o principal fator de explicação. Há outras variáveis a serem consideradas, como o uso de agrotóxicos e a mudança climática.

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