Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 14 de novembro de 2021
Em maio do ano passado, a pandemia de coronavírus chegava ao seu terceiro mês no Brasil quando a gerente de marketing Carla Carreon, 40 anos, e seu namorado encerraram a relação. “Foi como a pior das tempestades”, relembra. Moradora de San Francisco, no Estado norte-americano da Califórnia, ela estava com ele desde 2017.
“Tudo parecia maior, mais intenso e mais difícil do que o normal, porque minha cabeça estava cheia”, acrescenta. Tal percepção encontra eco em uma pesquisa realizada pelo aplicativo de relacionamentos Dating.com junto a 3 mil pessoas.
O estudo relatou quase o dobro de rompimentos desse tipo entre janeiro e setembro, em comparação com o mesmo período de 2019. “Pode-se dizer que 2020 foi o ano das separações”, ressalta a empresa.
As estatísticas de 2021 ainda são escassas, mas a diretora de marketing Melissa Hobley, de um serviço similar, o OkCupid, conta que disse que no início deste ano o site de namoros “definitivamente viu um aumento nos usuários que tiveram um romance durante a pandemia e agora estão novamente solteiros”.
Compreensão
Quem terminou com alguém neste ano pode ter sido por motivos relacionados à covid, devido ao estresse da pandemia, que tem potencial de exacerbar tensões já existentes ou revelar o verdadeiro jeito de ser de uma pessoa a partir do momento em que entrou em confinamento.
Ou talvez não tenha a ver. De qualquer forma, o rompimento durante uma pandemia ocorre de maneira um pouco diferente.
Depois de quase dois anos de turbulência induzida por uma pandemia, “o luto vai parecer maior agora”, avalia Michael Alcée, psicólogo clínico de Nova York e especializado em aconselhamento de estudantes universitários.
“Todas as nossas vulnerabilidades e fragilidades estão mais à flor-da-pele do que o normal, então podemos ser muito mais sensíveis ao modo como as coisas não dão certo”, acrescenta.
Isso se aplica mesmo a relacionamentos que não eram tão longos ou sérios, contribuiu a terapeuta de casais Elizabeth Earnshaw, da Filadélfia. “As pessoas tendem a se aproximar devido a traumas compartilhados, então um rompimento durante pandemia pode tornar mais significativo o tempo em que o casal passou junto”, explica.
Dicas
Embora seja crucial processar essas perdas, a atual falta de normalidade e estrutura que muitos ainda sentem, mesmo quando voltam ao mundo real, “pode tornar mais fácil ficar preso naquela espiral de tristeza, olhando fotos antigas ou e-mails o dia todo”, diz Elizabeth, acrescentando que:
“Planeje um horário diário para lamentar e relembrar o que passou entre vocês. Programe um cronômetro, deixe vir à tona tudo o que está sentindo, e quando a contagem regressiva acabar, respire fundo e faça um exercício de transição, como tomar um banho”.
Pode ser difícil para amigos e familiares saber o que uma pessoa que está sofrendo precisa, mesmo em tempos normais, mas agora, os cérebros estão tão sobrecarregados que não notam a angústia um do outro.
“Isso significa que você pode precisar ser mais claro na hora de pedir ajuda”, alerta a terapeuta. “Envie uma mensagem de texto para um vizinho e diga e conta que você está passando por um término de relação e não sabe o que fazer à noite, então o convide para um passeio”.
No Ar: Pampa Na Tarde