Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024

Home Economia Itaú diz que ex-diretor teria recebido R$ 4,8 milhões de fornecedor

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O Itaú Unibanco, que acusa seu ex-diretor de usar uma engenharia financeira para realizar repasses indevidos do dinheiro do banco para si mesmo, aponta que o executivo recebia em média 37% dos valores que deveriam ser somente de fornecedores.

Segundo o banco, de um total de 40 contratos do ex-CFO Alexsandro Broedel, somente 20 foram entregues. As informações constam em um documento enviado pelo banco à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em resposta a um pedido de esclarecimento feito pela autarquia sobre o caso.

No documento, o Itaú aponta que 16 dos pareceres não foram encontrados e 4 não foram realizados. Do valor total, de cerca de R$ 13,2 milhões, Broedel teria direcionado para si R$ 4,86 milhões por meio de uma triangulação de empresas, segundo o documento.

O documento ainda detalha os repasses, sendo que um dos maiores, de R$ 750 mil, data de maio deste ano – em pagamento referente a cinco pareceres técnicos-contábeis, dos quais apenas um foi entregue, acerca de taxas de desconto em perdas de recebíveis.

“A Companhia, ao longo desses meses, solicitou esclarecimentos ao ex-administrador e ao fornecedor, mas não recebeu explicações que pudessem refutar a conclusão dessas apurações internas”, diz o documento, que é um ponto de partida para uma penalização do executivo via CVM.

As investigações internas foram iniciadas após o banco verificar que o ex-CFO teria atuado prestando serviços de parecerista e consultor ao mercado no fim de julho, mesmo após ter se desligado da companhia no dia 5 do mesmo mês.

O documento mostra que o “ex-administrador atuou em conflito de interesses e em inobservância aos seus deveres fiduciários, transgredindo as regras internas e as leis aplicáveis”.

Em suma, o executivo teria repassado pagamentos para Eliseu Martins, contador conhecido no meio e do qual era sócio, que por sua vez redirecionou parte dos valores a Broedel.

Defesa

Alexsandro Broedel classificou as acusações do banco como ‘infundadas e sem sentido’. O executivo declarou também que irá tomar ‘medidas judiciais cabíveis’ sobre o caso.

“Alexsandro Broedel sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e importância na economia brasileira. O parecerista mencionado pelo Itaú já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco”, disse, em nota.

Eliseu Martins, sócio de Broedel e citado no caso, se declarou ‘estarrecido’ com a notícia e a situação e que “protesta de forma veemente” contra as declarações e decisões do Itaú.

“Tenho uma vida profissional e acadêmica com conduta que pode ser verificada com centenas ou milhares de pessoas, muitas delas já havendo me declarado apoio e oferecido a chance de testemunho. Somente com o Itaú tenho uma vida de prestação de serviços há quase 5 décadas, passando por gerações de gestores”, disse.

O contador defendeu que os trabalhos prestados ao Itaú durante a gestão de Broedel ‘foram de pareceres técnicos e consultoria’.

“Há vários materiais suporte das consultorias que foram feitos sem formalidade, algo de que me arrependo agora, dada a má-fé da interpretação dada pelo banco. Trabalho com aproximadamente 6 outros colegas e temos inclusive a condição de só opinarmos verbalmente ou via parecer; assim, há opiniões que não geram parecer e não aparecem em qualquer documento. Mas são serviços efetivamente prestados, como todos os que fiz ao Itaú”, disse.

Martins ainda acrescentou que ambos ‘sempre fizeram pareceres para terceiros, às vezes assinando em conjunto e às vezes com ele sempre ajudando tecnicamente, como com outros colegas, com o faturamento por uma única empresa’.

Ação na Justiça

O Itaú já protocolou uma ação civil no Tribunal de Justiça de São Paulo acerca do caso, que começou a ser investigado em meados de agosto internamente, causou a destituição completa do executivo em setembro e foi tornada pública há poucos dias.

O banco tomou decisão de revelar o caso e tomar as medidas, pois os ocorridos contemplam repasses entre 2019 e 2024 – que foram descobertos após os repasses feitos em julho, após Broedel deixar o banco – e parte desses atos prescreveriam em questão de meses.

O tema foi discutido em assembleia interna do banco, e posteriormente foi publicizado por meio de atas que foram divulgadas em jornal de grande circulação.

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