Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Variedades Jejum intermitente: dieta pode ajudar defesa do corpo a combater células do câncer

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Pesquisadores do Sloan Kettering Institute do MSK e seus colaboradores mostraram pela primeira vez que o jejum pode ajudar a combater células cancerígenas dentro do nosso organismo. Isso porque ele reprograma o metabolismo das células assassinas naturais (NK), ajudando-as a sobreviver no ambiente hostil dentro e ao redor dos tumores.

O jejum e outros regimes dietéticos estão sendo cada vez mais explorados como formas de privar as células cancerígenas dos nutrientes de que necessitam para crescer e de tornar os tratamentos contra o câncer mais eficazes.

E embora sejam necessárias mais pesquisas, os resultados também sugerem que o jejum pode ser uma estratégia para melhorar as respostas imunológicas e tornar a imunoterapia mais eficaz, observam os autores do estudo.

“Os tumores estão com muita fome. Eles absorvem nutrientes essenciais, criando um ambiente hostil, muitas vezes rico em lipídios que são prejudiciais para a maioria das células imunológicas. O que mostramos aqui é que o jejum reprograma essas células assassinas naturais para sobreviver melhor neste ambiente supressivo”, afirma o imunologista Joseph Sun, autor sênior do estudo.

O que são células assassinas naturais?

As células assassinas naturais, ou células NK, são um tipo de glóbulo branco que pode matar células anormais ou danificadas, como células cancerígenas ou células infectadas por um vírus. Elas recebem esse nome porque podem destruir uma ameaça sem nunca tê-la encontrado antes – ao contrário das células T, que exigem exposição prévia a um inimigo específico para montar uma resposta direcionada.

Em geral, quanto mais células NK estiverem presentes em um tumor, melhor será o prognóstico para o paciente.

Para o estudo, ratos com câncer ficaram 24 horas sem comer, dias vezes por semana, e depois foram autorizados a se alimentar livremente entre os jejuns. Esta abordagem evitou que os ratos perdessem peso em geral.

“Assim como nos humanos, eles tiveram uma queda nos níveis de glicose e um aumento nos ácidos graxos livres, que são lipídios liberados pelas células de gordura que podem servir como fonte alternativa de energia quando outros nutrientes não estão presentes.

“Durante cada um desses ciclos de jejum, as células NK aprenderam a usar esses ácidos graxos como fonte alternativa de combustível à glicose. Isso realmente otimiza sua resposta anticancerígena porque o microambiente tumoral contém uma alta concentração de lipídios, e agora eles são capazes de entrar no tumor e sobreviver melhor por causa desse treinamento metabólico”, revelou Rebecca Delconte, autora principal do estudo.

O jejum reprograma as células NK

O jejum também levou a uma redistribuição das células NK dentro do corpo, segundo os pesquisadores. Muitas das células NK viajaram para a medula óssea, onde foram expostas a altos níveis de uma proteína sinalizadora chave chamada Interleucina-12. Isto preparou as células NK para produzirem mais Interferon-gama – uma citocina que desempenha um papel importante nas respostas antitumorais.

Enquanto isso, as células NK do baço estavam passando por uma reprogramação separada, tornando-as melhores no uso de lipídios como fonte de combustível.

Ainda não está claro se existem duas populações distintas de células NK que são treinadas de forma distinta em diferentes partes do corpo, ou se as células acabam passando por ambos os locais durante o seu ciclo de vida de semanas.

“Com esses dois mecanismos juntos, descobrimos que as células NK são pré-preparadas para produzir mais citocinas dentro do tumor. E com a reprogramação metabólica, eles são mais capazes de sobreviver no ambiente tumoral e se especializam para ter propriedades anticancerígenas melhoradas”, diz Delconte.

Potencial para melhorar os tratamentos contra o câncer

Segundo os pesquisadores existem alguns caminhos potenciais para avançar na pesquisa. O primeiro deles é estudar a segurança e eficácia do jejum em combinação com os tratamentos padrão existentes. O segundo seria identificar medicamentos que pudessem atingir os mecanismos subjacentes sem exigir que os pacientes jejuassem. E por último, as células NK podem ser colocadas em jejum fora do corpo e depois administradas para melhorar os efeitos do tratamento.

Entretanto, os pesquisadores, afirmam que são necessários mais estudos e dados clínicos sobre os efeitos do jejum para pessoas com câncer.

“Existem muitos tipos diferentes de jejum, e alguns podem ser úteis, enquanto outros podem ser prejudiciais. Os pacientes devem conversar com seus médicos sobre o que é seguro e saudável para sua situação individual”, afirma Neil Iyengar, oncologista clínico de mama do MSK e pesquisador líder em dieta, metabolismo e câncer.

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