Sábado, 11 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de janeiro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu fazer uma reforma ministerial mais enxuta neste início de ano. As mudanças, chamadas de “pontuais”, vão atingir o PT, que hoje tem 11 dos 38 ministérios. A intenção de Lula é desvincular as trocas das pressões de partidos aliados no Congresso, em um primeiro momento, para não parecer refém do Centrão.
Titular da Casa Civil, Rui Costa, já declarou que alguns ajustes na equipe podem ser feitos ainda neste mês, antes da primeira reunião ministerial de 2025, marcada para o próximo dia 21.
Na prática, porém, o presidente terá de mexer no governo mais adiante. As escolhas de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, são dadas como certas, em fevereiro. Mas, sem maioria nas Casas legislativas, Lula precisará fazer a “repactuação” com aliados do Centrão para ter governabilidade.
A estratégia também mira a montagem de alianças com o PT para as eleições de 2026, quando Lula pretende concorrer a novo mandato. O problema é que o Centrão não quer garantir esse apoio para a disputa do ano que vem – alguns porque já têm pré-candidatos e outros porque querem ver como o governo chegará em 2026. Além disso, partidos como o MDB estão divididos.
Secom
As mudanças no primeiro escalão tiveram início nesta semana com a entrada do publicitário Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom). Marqueteiro da campanha de Lula em 2022, Sidônio substituiu Paulo Pimenta (PT) e já começou a alterar a organização da pasta, tendo como foco as redes sociais (mais informações nesta página).
A nova cara da comunicação do governo vai incluir a construção de marcas vistosas para os principais ministérios, que ainda não apresentam um portfólio de programas. Nesse rol estão os ministérios de Saúde, Educação e Meio Ambiente. “É um segundo tempo que estamos começando”, disse Sidônio, que tomará posse na próxima terça-feira, numa referência à segunda metade da gestão Lula. “O presidente sempre diz que é hora de colher, mas também continuamos plantando. O governo é melhor do que a percepção popular e vamos mostrar isso.”
A etapa inicial da reforma pode incluir os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Cida Gonçalves (Mulheres) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação). Os dois primeiros são filiados ao PT e Luciana é presidente do PCdoB. Macêdo afirma que vem sendo alvo de “fogo amigo” e não vê nenhuma reforma em curso. Após deixar a Secom, na última terça, Pimenta tirou férias. Lula avalia se o agora ex-ministro deve voltar a ocupar sua cadeira na Câmara ou ir para a Secretaria-Geral.
Interlocutores do presidente também observam que o Ministério de Ciência e Tecnologia pode ser entregue a um partido do Centrão. Uma das siglas mencionadas é o PSD de Gilberto Kassab, que elegeu o maior número de prefeitos (891) no País em outubro.
Insatisfação
A bancada do PSD na Câmara reclama que não é atendida pelos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), filiados ao partido, e ameaça criar obstáculos para governo. Não é só: quer a troca do Ministério da Pesca, hoje com André de Paula, por uma pasta mais robusta.
Há no Palácio do Planalto a percepção de que Ciência e Tecnologia tem um orçamento muito grande (R$ 3,27 bilhões) para um partido pequeno como o PCdoB, que hoje compõe federação com PT e PV. O diagnóstico ali é o de que esse ministério deveria atuar com muito mais protagonismo na política industrial.
Na outra ponta, embora o nome do vice Geraldo Alckmin (PSB) tenha sido citado para substituir o ministro da Defesa, José Múcio, não é com esse cenário que o presidente trabalha. Alckmin comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e sua área vem sendo elogiada por Lula. Em entrevista à Rádio Eldorado, Alckmin disse que Lula fará “mudanças pontuais” na equipe. “Acho que José Múcio deve continuar”, afirmou. No fim do ano passado, Múcio já pediu para sair, mas Lula tenta convencê-lo a ficar em razão do avanço das investigações do 8 de Janeiro.
Mudanças na articulação política do Planalto com o Congresso, hoje nas mãos de Alexandre Padilha (PT), e no Ministério da Saúde de Nísia Trindade são também avaliadas, mas ainda não há decisão. (Estadão Conteúdo)
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