Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de junho de 2024
Três dias após a Câmara dos Deputados dar urgência a um projeto que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou pela primeira vez contra a medida e chamou o projeto de “insanidade”. A declaração do petista ocorre após a repercussão negativa da iniciativa, que foi aprovada sem oposição do PT, partido do presidente, e outras legendas da base aliada. A decisão dos deputados, contudo, motivou protestos pelas ruas do País.
Ao ser questionado sobre o assunto na quinta-feira, quando desembarcou em Genebra, na Suíça, Lula evitou comentar a proposta e disse que se informaria sobre o tema apenas quando voltasse ao Brasil. Os protestos, porém, fizeram com que a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, e outros ministros do governo abandonassem o silêncio sobre a medida, defendida pela bancada evangélica do Congresso, e passassem a criticar publicamente a iniciativa.
Ao se manifestar sobre o tema no sábado, Lula disse ser contra o aborto, mas afirmou que a prática é uma realidade no Brasil e deve ser tratada como questão de saúde.
“Eu sou contra aborto, entretanto, como aborto é realidade, a gente precisa tratar aborto como questão de saúde pública. E eu acho que é insanidade alguém querer punir uma mulher com uma pena maior que o criminoso que fez o estupro. É no mínimo uma insanidade isso”, afirmou Lula.
O presidente ainda criticou o fato de, ao equiparar a pena de aborto ao de homicídio, uma vítima de estupro pode ser condenada a mais tempo de prisão que o seu estuprador.
“Sinceramente, à distância, não acompanhei o debate muito intenso no Brasil, quando voltar vou tomar ciência disso. Tenho certeza do que tem na lei já garante que a gente aja de forma civilizada para tratar com rigor o estuprador e para tratar com respeito a vítima. Quando alguém apresenta uma proposta que a vítima precisa ser punida com mais rigor que o estuprador, não é sério”, disse Lula.
Autor do PL do Aborto, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) reagiu à crítica do presidente Lula sobre a proposta, que equipara a interrupção da gestação acima de 22ª semana ao crime de homicídio. Após Lula afirmar que é contra o aborto, mas que a prática é uma realidade no Brasil e a aprovação do projeto é uma “insanidade”, o parlamentar rebateu alegando que a pena para quem cometer estupro nesses casos pode ser aumentada, e provocou questionando se, dessa forma, o presidente o apoiaria.
“É simples, a relatora pode incluir, mesmo sendo matéria estranha ao texto o aumento da pena para estuprador para 30 anos, fica resolvido presidente, vamos ter o seu apoio já que você é CONTRA o aborto?”, escreveu Sóstenes.
O deputado disse que assistiu ao pronunciamento de Lula sobre o tema, realizado em coletiva de imprensa na Itália onde participa de agenda na Cúpula do G7, e definiu a fala do presidente como “peça publicitária”.
“É uma peça publicitária de campanha eleitoral para tentar enganar os eleitores Católicos e Evangélicos, ele falou tudo no vídeo, menos da vida do bebê indefeso de 22 semanas”, afirmou o parlamentar.
A reação de Sóstenes Cavalcante foi acompanhada pelo pastor Silas Malafaia, que é seu companheiro de igreja na Assembleia de Deus Vitória em Cristo. O líder religioso subiu o tom contra o presidente e o chamou de “hipócrita” e “mentiroso”.
“Lula distorce o projeto de lei que está tratando do aborto e não do estuprador. A esquerda deturpa a notícia para causar comoção. Pergunta a Lula se ele concorda em 40 anos de cadeia e castração para um estuprador. O PT foi contra isso quando Bolsonaro propôs”, disse o pastor. “Ele é um grande de um hipócrita e mentiroso. Está enganando as pessoas.” As informações são do jornal O Globo.
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