Quinta-feira, 06 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de março de 2025
Com a popularidade em queda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta o momento mais crítico na aprovação do atual mandato — e um dos piores das três vezes em que esteve à frente do Palácio do Planalto. Caso não consiga se recuperar até o fim deste ano, o petista pode ter pela primeira vez um saldo anual de aprovação negativo.
O índice considera a diferença entre “aprova” e “desaprova” nas pesquisas realizadas ao longo de determinado ano e tira uma média. De 2003 a 2010, além da primeira metade da atual gestão, Lula sempre registrou saldo positivo.
Os piores desempenhos anuais do presidente até hoje foram no ano passado, com cinco pontos de saldo na média de todos os levantamentos da Quaest, e 2005, na esteira da crise do Mensalão, quando o cálculo nas pesquisas do antigo Ibope deu a Lula sete pontos a mais de aprovação do que de desaprovação. Já o ápice foi em 2010, ano em que elegeu sua sucessora Dilma Rousseff com saldo positivo de 74 pontos, patamar impensável no Brasil e no mundo polarizados da atualidade.
“O desempenho do presidente produz variações, como sempre produziu, mas agora dentro de uma margem mais reduzida. O eleitorado era mais plástico. Hoje as opiniões são mais enrijecidas, há uma margem menor de plasticidade”, diz o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, conselheiro da Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), que considera o índice de saldo de aprovação a melhor forma de acompanhar séries históricas de diferentes institutos.
Antes, aponta Lavareda, presidentes começavam os mandatos munidos da boa vontade daqueles que votaram em outros candidatos. Um exemplo internacional citado por ele é o de John Kennedy, nos Estados Unidos, que ganhou a eleição por diferença pequena do republicano Richard Nixon e, mesmo assim, começou o mandato com 72% de aprovação.
Os cenários mais polarizados produzem eleições vencidas por diferenças pequenas, como a de Lula sobre Bolsonaro em 2022, cujo placar no segundo turno foi de 50,9% a 49,1%. Mas aquela boa vontade de quem votou no nome derrotado passou a ser reduzida, o que propicia patamares menores de aprovação. A maior parte das disputas mundo afora nos últimos anos tem sido com sociedades divididas.
Nas pesquisas divulgadas este ano, os recados são ruins para Lula. A Quaest, por exemplo, registrou pela primeira vez um resultado mais negativo do que positivo para o petista desde o início do mandato: 49% desaprovam, 47% aprovam. No Datafolha — que não testa o cenário aprova contra desaprova —, Lula perdeu 11 pontos de “ótimo ou bom” em dois meses, entre dezembro e fevereiro. De 35%, a soma das duas respostas favoráveis passou para 24%.
Há cerca de um ano e meio, em agosto de 2023, o presidente tinha 60% de aprovação na Quaest, com diferença de 25 pontos para a desaprovação, de 35%. Foi o auge do Lula 3. No saldo médio daquele ano, Lula ficou com 17 pontos.
Tanto na política como entre analistas, a tese principal é de que essa piora se dá sobretudo pelo alto custo dos alimentos, algo que Lula tem abordado em discursos. Por essa razão que o tombo é mais forte em segmentos em que o petista consolidou como base, especialmente os mais pobres.
A expectativa no governo, corroborada pelo setor produtivo, é de um cenário mais favorável este ano, na esteira da previsão de safra recorde. Além da alta do dólar, que impacta nos preços, 2024 foi marcado por períodos de seca, por exemplo, o que prejudicou a produção e a oferta de produtos. As informações são do portal de notícias O Globo.
No Ar: Pampa Na Madrugada