Sexta-feira, 14 de Março de 2025

Home Economia Maior inflação em 22 anos para fevereiro pressiona o Banco Central a manter alta de juros

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (12) a inflação oficial de fevereiro, com a maior alta para o mês em 22 anos.

Na avaliação dos economistas, o Banco Central (BC) segue pressionado e deve cumprir a indicação de elevar os juros para 14,25% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, marcada para a próxima semana.

A conta de luz das famílias brasileiras subiu quase 17% e teve o maior impacto na inflação do último mês. Isso depois de um início de ano com descontos nas tarifas. Em janeiro, os consumidores tiveram uma redução no valor das faturas por causa do chamado bônus de Itaipu. Esse alívio pontual nos custos da conta vem do saldo positivo alcançado pela Hidrelétrica Itaipu Binacional na comercialização de energia.

“É uma questão pontual que ocorreu por um direito do consumidor, que é a devolução de valores pagos a mais, mas acontece esporadicamente, não acontece todos os meses. Mas como foi desconto que vigorou só em janeiro, a volta da cobrança normal do preço do kw fez a energia subir quase 17%”, afirma André Braz, economista FGV/Ibre.

O aumento das mensalidades escolares também impactou no índice de fevereiro. O grupo educação registrou a maior variação do mês. O IPCA – índice que mede a inflação oficial do País – subiu para 1,31%, de acordo com o IBGE. O maior patamar para o mês desde 2003, ou seja, há 22 anos.

Já no acumulado em 12 meses, a inflação passou dos 5% pela primeira vez desde setembro de 2023. Superando, mais uma vez, o teto da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano. O aumento no preço dos alimentos tem sido o principal fator de pressão: alta de 7% no período.

“A inflação acumulada de janeiro de 2020 até agora, fevereiro de 2025, para alimentos supera 55% e a inflação média fica em torno de 33%. Os salários foram corrigidos abaixo do aumento do preço dos alimentos. Então, para cada novo aumento que os alimentos vêm registrando, significa que as famílias têm um pouco mais de dificuldade de comprar a mesma quantidade de alimentos”, explica André Braz, economista Ibre/FGV.

Em fevereiro, o preço de dois produtos muito consumidos pelos brasileiros também disparou.

“É o corredor mais caro do mercado: café e o ovo”, conta a diarista Elza Maria dos Santos.

O ovo subiu 15% em fevereiro – a maior variação desde junho de 1994, antes do real entrar em circulação. Já o café moído aumentou mais de 10% em fevereiro e também bateu um recorde: a maior alta em 26 anos. O preço do café está subindo todos os meses, desde janeiro de 2024.

Na avaliação de economistas, além das incertezas no cenário doméstico, especialmente na política fiscal, é preciso levar em conta o cenário internacional, com idas e vindas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à guerra comercial. Diante do quadro, analistas mantiveram suas projeções para a taxa básica de juros este ano.

“A visão é que a inflação está muito forte, e as medidas do governo podem continuar a elevando por causa de auxílios de renda ou impulsos ficais. Mas a nossa perspectiva de Selic não muda, com a reunião de março indo para 14,25% e depois 14,75%. E aí deve começar a ter uma queda de Selic no final desse ano — prevê Andréa, da Warren.

Para Gilberto Braga, economista e professor de pós-graduação em Finanças do Ibmec, a Selic deve fechar o ano em ao menos 15%.

“Todos os orçamentos públicos são elaborados com a meta de 3% (centro da meta), e a inflação está destoando disso. Isso significa que a pressão em cima da equipe econômica continua”, afirma Braga, citando dúvidas quanto à política fiscal.

“A gente já percebe que a necessidade de recuperação de imagem tem levado a medidas expansionistas, como a liberação do FGTS, além do consignado para o setor privado. Essas questões pressionam a política monetária”. As informações são do portal de notícias O Globo.

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