Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de dezembro de 2024
Mais de 1.500 presos escaparam nesta quarta-feira (25) de uma prisão de segurança máxima em Maputo, capital de Moçambique, durante o terceiro dia de protestos que abala o país desde a confirmação da vitória eleitoral do partido no poder, denunciada como fraudulenta pela oposição.
No total, “fugiram 1.534 reclusos” daquela prisão, situada a cerca de 15km da capital, disse o chefe da Polícia Nacional, Bernardino Rafael. Durante a fuga “houve confrontos com agentes penitenciários”, com 33 mortos e 15 feridos entre os fugitivos.
Ao todo, ao menos 56 pessoas morreram — segundo o jornal português Público —, entre elas dois policiais, em distúrbios que começaram na segunda-feira no país, após a confirmação da vitória do candidato governista nas contestadas eleições presidenciais de outubro, informou o governo na terça.
O Conselho Constitucional de Moçambique ratificou a vitória do candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo, nas eleições de 9 de outubro, com 65% dos votos. O Conselho atribuiu 24% dos votos para seu principal adversário, Venâncio Mondlane, que denuncia fraudes.
A Frelimo está no poder desde 1975, na independência da ex-colônia portuguesa na África. O ministro do Interior, Pascoal Ronda, afirmou, nesta terça, que nas últimas 24 horas foram registrados 236 “atos de violência grave”, que deixaram, além dos mortos, 25 feridos, 13 deles policiais. Após uma noite marcada por atos de violência e depois de mais de dois meses de manifestações que se seguiram às eleições, a capital, Maputo, vivia um clima de medo na véspera do Natal.
As principais estradas que levam à capital foram bloqueadas na terça-feira por barricadas e as vias que levam ao aeroporto ficaram intransitáveis em boa parte do dia, segundo a agência de notícias AFP. Dezenas de manifestantes se concentraram na entrada principal do aeroporto internacional e atearam fogo a contêineres próximos. Apesar disso, não houve cancelamentos de voos.
A polícia patrulhava com veículos blindados o centro da cidade, onde centenas de manifestantes em grupos pequenos e dispersos montaram barricadas nas principais rodovias, improvisadas com troncos de árvores e blocos de pedra.
Na véspera, vários estabelecimentos comerciais — lojas, bancos, supermercados, postos de gasolina — e prédios públicos foram saqueados, tiveram suas vitrines quebradas e seu conteúdo pilhado ou incendiado.
“O hospital central de Maputo funciona em condições críticas, mais de 200 funcionários não conseguiram chegar” ao trabalho, disse à AFP Mouzinho Saide, diretor do centro de saúde, para onde foram levados mais de 90 feridos, “sendo 40 por arma de fogo e quatro por arma branca”.
A maioria dos habitantes permanece trancada em casa, e os transportes públicos estão paralisados. Apenas veículos fúnebres e ambulâncias estão circulando. Nesta terça, a União Europeia expressou “extrema inquietação” com a violência em Moçambique, e pediu “moderação a todas as partes”.
Muitos habitantes de Moçambique, um dos países mais desiguais do mundo, confiavam que estas eleições deixariam para trás a Frelimo, formação de inspiração marxista na época da guerra da independência e depois na guerra civil, que terminou em 1990.
No Ar: Show de Notícias