Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

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No mês de janeiro foi publicado o livro intitulado: “Demografia médica no Brasil”. O livro retrata a situação dos médicos no país. É um estudo conduzido pelo departamento de medicina preventiva da Universidade de São Paulo. O coordenador foi Dr. Mario Scheffer. Dados interessantes da pesquisa podem orientar nossos governantes.

A população de médicos hoje no Brasil é de 562.299 dos quais 43% possuem título de especialista.

No ano vindouro o número de médicas será maior que o número de médicos!

Até o ano de 2000 o Brasil contava com 219.896 médicos. Atualmente o número de profissionais mais do que dobrou, isto é 144%. Nesse mesmo período a população cresceu 27%.

De 2020 até 2022 a taxa de crescimento dos médicos foi de 8,6%, enquanto a da população foi de 1,8%. Isto ocorreu devido a desenfreada abertura de novos cursos de medicina. Nós possuímos o dobro de faculdades de medicina que os Estados Unidos, que são 155. Nós possuímos nada mais nada menos do que 353. O País com maior número de faculdades é a Índia que possui 595. Os novos cursos autorizados, possuem quadros docentes duvidosos, muitos não possuem hospital escola e são caríssimos. Obviamente este acontecimento ocorreu com o aval governamental.

A distribuição dos médicos pelo país é desigual. Só os estados do Rio de Janeiro e São Paulo possuem 249.285, quase a metade do país. Os estados de Roraima, Acre e Amapá possuem somente 5.012 médicos.

Proporcionalmente, Vitória é a cidade com o maior número de profissionais, seguida de Florianópolis e Porto Alegre.

Nas 49 cidades com mais de 500.000 moradores estão concentrados 61,9 % dos médicos. Analisando isto é fácil entender que, para uma divisão mais equilibrada, é necessária uma política forte de descentralização dos médicos.
Obviamente, os facultativos preferem viver nas grandes cidades, pois lá existem melhores condições de trabalho, apoio hospitalar e tecnológico. É difícil ser médico hoje sem um bom laboratório de exames. As imagens, RX, tomografia ressonância, ecografia também auxiliam muito no diagnóstico.
A maioria dos 1.257 municípios, com menos de cinco mil habitantes, não possui um médico sequer. Quando o médico está sozinho, ele depende de si próprio para exercer toda a medicina.

Um colega meu ao final da residência, resolveu se mudar para uma pequena cidade, seu berço natal, no interior. Permaneceu lá por um ano, frustrado, voltou para São Paulo. Se queixava das condições precárias de trabalho, da solidão social e cultural e da afetividade e solidariedade médica.
Dizia: “Quando tenho muita dúvida, não tenho ninguém para discutir ou me aconselhar sobre o caso!

“Quando alcançava a vitória, vencia a doença e obtinha a cura, não tinha ninguém para contar, compartilhar ou comemorar!”

Portanto, para o médico compensar suas angustias afetivas e se interiorizar ele necessita, primordialmente, de boas e plenas condições de trabalho.

Em segundo lugar, compensatoriamente, uma remuneração atrativa e digna.
Afinal é a mais longa carreira de estudos: 9 anos!

Como argumenta Rovinski, presidente do nosso sindicato: “É necessário uma política estrutural para atração e fixação do médico junto ao setor público”. Seria altamente estimulante um plano de carreira, como existe no judiciário.
E, “no mínimo” um salário igual, integral, que é pago aos médicos cubanos.

Para que mais médicos?!?!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

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