Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

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Manter-se fisicamente ativo à medida que envelhecemos reduz significativamente nosso risco de desenvolver demência durante a vida, e isso não inclui exercícios prolongados. Andar e até simplesmente mover-se, em vez de ficar horas sentado, pode ser o suficiente para ajudar a fortalecer o cérebro, explica um novo estudo com octogenários de Chicago, nos Estados Unidos.

A pesquisa rastreou a frequência com que as pessoas mais velhas se moviam ou ficavam sentadas e, em seguida, examinou profundamente seus cérebros após a morte, descobrindo que certas células imunológicas vitais funcionavam de maneira diferente no cérebro de pessoas mais velhas que eram ativas em comparação com seus pares mais sedentários.

A atividade física parecia influenciar a saúde de seus cérebros, suas habilidades de pensamento e se eles experimentaram a perda de memória característica do Alzheimer. As descobertas aumentam as evidências de que, quando movimentamos nossos corpos, mudamos nossas mentes, independentemente do quão avançada seja nossa idade.

Muitas evidências científicas indicam que a atividade física aumenta o tamanho do nosso cérebro. Pessoas mais velhas e sedentárias que começam a andar por cerca de uma hora na maioria dos dias, por exemplo, normalmente adicionam volume ao hipocampo, o centro de memória do cérebro, reduzindo ou revertendo o encolhimento que normalmente ocorre ao longo dos anos.

Células imunes e vigilantes

O mecanismo exato que faz o exercício remodelar nossos cérebros ainda permanece um mistério embora os cientistas tenham indícios de experimentos com animais. Quando ratos e camundongos de laboratório adultos correm sobre rodas, por exemplo, eles aumentam a produção de hormônios e substâncias neuroquímicas que estimulam a criação de novos neurônios, bem como sinapses, vasos sanguíneos e outros tecidos que conectam e nutrem essas células cerebrais jovens.

O exercício feito pelos roedores também retarda ou interrompe os declínios relacionados ao envelhecimento no cérebro dos animais, mostram estudos, em parte pelo fortalecimento de células especializadas chamadas micróglia. Pouco compreendidas até recentemente, essas células são agora conhecidas por serem células imunes e vigilantes do cérebro.

Elas procuram sinais de diminuição da saúde neuronal e, quando as células em declínio são detectadas, liberam substâncias neuroquímicas que iniciam uma resposta inflamatória. A inflamação, a curto prazo, ajuda a limpar as células problemáticas e quaisquer outros resíduos biológicos. Depois, a micróglia libera outras mensagens químicas que acalmam a inflamação, mantendo o cérebro saudável e organizado e o pensamento do animal intacto.

Mas, à medida que os animais envelhecem, descobriram estudos recentes, sua micróglia pode começar a funcionar mal, iniciando a inflamação sem revertê-la posteriormente, levando a uma inflamação cerebral contínua. Essa inflamação crônica pode matar células saudáveis e causar problemas de memória e aprendizagem, às vezes graves o suficiente para induzir uma versão “roedora” do Alzheimer.

A menos que os animais se exercitem. Nesse caso, exames póstumos de seus tecidos mostram que os cérebros dos animais normalmente fervilham de micróglia saudável e útil até a velhice, exibindo poucos sinais de inflamação cerebral contínua, enquanto os próprios roedores idosos mantinham uma capacidade juvenil de cognição e memória.

Ampla base de dados

No entanto, não somos ratos e, embora tenhamos micróglia, os cientistas não haviam encontrado uma maneira de estudar se a atividade física regular à medida que envelhecemos influenciaria – ou não – o funcionamento interno das células micróglias. Assim, para o novo estudo, que foi publicado em novembro no Journal of Neuroscience, cientistas do Centro Médico da Universidade Rush, de Chicago, e da Universidade da Califórnia, em San Francisco, além de outras instituições, recorreram a dados do ambicioso Projeto Rush de Memória e Envelhecimento. Para este estudo, centenas de cidadãos de Chicago, a maioria na casa dos 80 e poucos anos, participaram de extensos testes anuais de pensamento e memória e usaram monitores de atividade por pelo menos uma semana. Poucos faziam exercícios de verdade, mostrou o monitoramento, mas alguns se moviam ou andavam com muito mais frequência do que outros.

Eles descobriram uma forte relação entre manter-se em movimento e uma micróglia saudável, especialmente em partes do cérebro ligadas à memória. As células micróglias de homens e mulheres idosos mais ativos continham marcadores bioquímicos que indicavam que as células sabiam como ficar quietas quando necessário. Mas a micróglia de participantes sedentários mostrou sinais de ter ficado presa em um excesso de atividade durante seus anos finais. Esses homens e mulheres inativos geralmente também pontuaram mais baixo em testes cognitivos.

Se as pessoas se movimentassem com frequência durante a vida adulta, sua micróglia geralmente teria um aspecto saudável após a morte, e muitos não haviam experimentado perda de memória expressiva em seus últimos anos. Seus cérebros podem até ter mostrado sinais de Alzheimer, mas suas vidas e habilidades de pensamento não.

Volume de atividade necessária não é grande

O que essas descobertas sugerem é que a atividade física pode atrasar ou alterar a perda de memória do Alzheimer em pessoas mais velhas, em parte por manter a micróglia em forma, explicou Kaitlin Casaletto, professora assistente de neuropsicologia do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia, que conduziu o novo estudo.

De forma encorajadora, o volume de atividade necessária para ver esses benefícios não era grande, disse Casaletto. Nenhum dos participantes correu maratonas em seus anos finais. Poucos haviam se exercitado formalmente. “Mas havia uma relação linear” entre o sedentarismo deles e a saúde do cérebro, disse ela.

“Quanto menos se sentavam, mais ficavam em pé, quanto mais se moviam, melhores foram os resultados”, explicou.

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