Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de outubro de 2023
Foram três anos de investigação. Dezessete médicos de diferentes especialidades. Ninguém conseguia diagnosticar o problema de Alex, um garotinho americano de 4 anos de idade que começou a apresentar dificuldade de locomoção. Em busca de respostas, a mãe, Courtney, começou a digitar todos os resultados dos exames feitos pela criança e as informações médicas reunidas no ChatGPT, a inteligência artificial da OpenAI.
O robô de bate-papo sugeriu que Alex era portador da chamada “síndrome da medula presa”, uma doença rara que afeta a medula espinhal e prejudica o desenvolvimento. Os sintomas incluem dores nas costas, fraqueza, deformidade nos pés e dificuldade de locomoção. O diagnóstico se revelou correto.
Estaria o Dr. Google perdendo terreno para o Dr. ChatGPT? E o Dr. ChatGPT pode substituir o médico? “O Dr. Google refere-se ao ato de buscar informações médicas online”, responde o robô de bate-papo da OpenAI. “Por outro lado, o Dr. ChatGPT se refere a um modelo de linguagem, como eu, que pode responder a perguntas e fornecer informações com base no conhecimento disponível. No entanto, é importante observar que a inteligência artificial não substitui a expertise médica. Ela deve ser vista como uma ferramenta complementar que pode ajudar médicos a tomar decisões mais informadas e eficazes.”
Os médicos e especialistas em inteligência artificial concordam com o robô. “É importante ressaltar que, no caso do Alex, o ChatGPT não fez o diagnóstico, ele sugeriu um diagnóstico que foi confirmado pelos médicos”, afirmou o especialista Chao L. Wen, chefe da disciplina de telemedicina da Faculdade de Medicina da USP. “Isso é crucial porque, quando dizemos que o chat fez um diagnóstico, estamos dando a ele um poder extremo, que não tem. Na verdade, ele filtrou dados e sugeriu o que poderia ser. A inteligência artificial deve ser levada em consideração para a análise contínua de um raciocínio. Ela é uma aliada, uma ótima ferramenta de apoio. Mas é preciso estar atento, porque também erra muito.”
De fato, a inteligência artificial já está sendo usada em diversas áreas da Medicina com sucesso, segundo o próprio ChatGPT. A primeira delas é justamente o diagnóstico. A IA ajuda os médicos a identificar doenças e determinadas condições por meio de análise de imagens como radiografias, ressonâncias e tomografias. Algoritmos de IA podem identificar padrões ou anomalias que não são visíveis a olho nu. Outra área em que a IA vem sendo muito explorada é a da análise de dados. Ela consegue analisar conjuntos muito grandes de dados médicos, como prontuários eletrônicos, para identificar tendências que podem ajudar os médicos a tomarem decisões sobre o tratamento. A IA também pode sugerir opções de tratamento com base em dados clínicos e pesquisas médicas. É extremamente útil para monitorar pacientes, por intermédio de dispositivos médicos que acompanham os sinais vitais, por exemplo.
Na chamada medicina de precisão, a IA já é usada para identificar marcadores genéticos e moleculares específicos da eficiência de determinados tratamentos. Em cirurgias, a IA pode auxiliar o cirurgião em procedimentos complexos, melhorando a precisão e a segurança das operações. “Outro uso importante é indicar processos mais eficientes para os hospitais, de forma a reduzir custos e aumentar o retorno”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Luiz Kiatake. “Outros ganhos relevantes são reduzir o desperdício, gerar dados de qualidade e reduzir custos assistenciais evitáveis. Acho que a IA é a chave para reduzir os custos em saúde, o que é de extrema importância.”
No Ar: Pampa Na Madrugada