Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 24 de novembro de 2024
Diante do suspense que se arrasta há semanas e do grande volume de notícias sobre quais medidas serão anunciadas pelo governo para conter o avanço das despesas, o mercado busca entender o que já está atualmente embutido nos preços dos ativos.
Segundo uma pesquisa realizada pela XP Investimentos, a expectativa é que o governo anuncie cerca de R$ 40 bilhões em cortes de gastos em 2026. Mas que, na prática, as medidas do pacote produzam uma economia de R$ 27,5 bilhões.
O levantamento foi feito com 71 players institucionais, como gestoras de ativos, bancos, instituições financeiras privadas e consultorias.
Aproximadamente 55% dos respondentes esperam um anúncio do ministério da Fazenda que compreenda entre R$ 40 bilhões e R$ 45 bilhões de redução dos gastos para 2026. Isso, frente ao cenário atual. Cerca de 17% dos entrevistados esperam um anúncio maior. E 28% projetam a divulgação de medidas mais modestas.
Apesar disso, a economia que será produzida pelas medidas é menor, segundo a pesquisa. A mediana das respostas indica que os entrevistados esperam R$ 30 bilhões na redução efetiva de gastos, enquanto a média das respostas é ainda menor, de R$ 27,5 bilhões.
Em um prazo mais longo, a expectativa de redução de gastos com as medidas é mais difusa. A mediana das respostas é que, em 2034, as propostas do ministério da Fazenda economizem 0,5% do PIB. Isso, comparando com o cenário atual, enquanto a média das projeções contempla uma economia de 0,9% do PIB em dez anos.
“Em relação às medidas apresentadas (pelo ministério da Fazenda), todos os investidores esperam mudanças na pensão militar e em outros benefícios. Enquanto isso, 93% acreditam em uma revisão dos beneficiários (pente fino) em programas como BPC e Bolsa Família”, aponta o documento.
“Ainda, 86% esperam mudanças nas regras de acesso ao abono salarial e 79% veem mudanças nas regras de acesso ao seguro-desemprego. Por outro lado, apenas 38% preveem uma proposta para taxar super-ricos. E 24% acreditam que o pacote trará mudança nas regras de gastos mínimos em saúde e educação”, destaca o documento.
Nesse contexto, gestores e participantes do mercado veem espaço para uma melhora nos preços dos ativos, ainda que uma tendência mais duradoura de alívio siga bastante improvável no momento.
Assimetria na comunicação
O gestor de renda fixa da Porto Asset, Gustavo Pi Okuyama, afirma que há uma assimetria em torno da divulgação do pacote de gastos. Assim, dado que ainda existem dúvidas no mercado se ele será apresentado na próxima terça-feira (26).
“Também existe a percepção pelo mercado de que o pacote não está fechado e que há ainda resistência por parte do presidente em entregar o valor que vem sendo ventilado”, diz.
No entanto, uma melhora duradoura provocada pelo anúncio das medidas por parte do ministério da Fazenda também não parece provável no momento.
“Existe a possibilidade, porém é necessário que o pacote surpreenda, trazendo medidas vistas como críveis e mais estruturais. Se for apresentado apenas algo como pente-fino em benefícios, o mercado tende a piorar. Outro ponto que poderia trazer uma tendência positiva é se houver uma sinalização do (Arthur) Lira e (Rodrigo) Pacheco (presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente) sobre a possibilidade de aprovação ainda este ano, porém isso parece pouco provável”, diz.
Assim, a Porto Asset mantém uma pequena posição aplicada [que ganha com a queda] em juros nominais, mas usando como proteção uma aposta no mercado de opções que lucra com a aceleração do ritmo de alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em dezembro.
O gestor de renda fixa da Kinea Investimentos, Denis Ferrari, tem visão semelhante. “Acho que tem um pouco de espaço para melhorar, por uma razão simples. Eles estão adiando muito para anunciar, então tem um pedaço do mercado que tem o temor de não vir nada, ou de vir algo mais desidratado. Não acho que é algo que vai fazer um preço gigante e mudar a tendência, mas tem algo para melhorar no curto prazo sim”, afirma. As informações são do Valor Econômico.
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