Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de julho de 2024
O funcionamento do forno micro-ondas parece até mágica. O alimento é acomodado dentro de uma caixa de metal, dá algumas rodopiadas e pronto: a refeição está pronta e quentinha. Isso pode levantar algumas desconfianças, sobretudo porque ele opera com o uso de radiação (ou melhor, de ondas eletromagnéticas).
Conversamos com especialistas sobre tudo o que você precisa saber sobre esse equipamento e a sua influência na saúde humana.
O físico Francisco Guimarães, cientista do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), explica que o segredo do funcionamento desses aparelhos está na radiação chamada de “eletromagnética”, um tipo de luz ou sinal que carrega energia na forma de ondas, muito comum em nosso ambiente (é só lembrar das ondas de rádio e do raio-x). As chamadas “micro-ondas”, emitidas pelo aparelho que está na maioria das cozinhas brasileiras, são consideradas de baixa energia e frequência.
Quando as micro-ondas são transmitas no aparelho, elas agem diretamente nas moléculas de água do alimento que está lá dentro. Ao receberam a radiação, essas moléculas começam a vibrar intensamente, gerando calor – processo similar ao que acontece quando esfregamos uma mão na outra rapidamente. É o calor gerado pelas moléculas de água que permite cozinhar o alimento.
Assim, como descreve o engenheiro químico Jorge Gut, pesquisador do Centro de Pesquisa em Alimentos e da Escola Politécnica da USP, em um forno a gás ou elétrico o ar quente entra em contato com a superfície do alimento e, então, se espalha por dentro dele, aquecendo-o. Já no micro-ondas o calor é gerado diretamente dentro dele.
Radiação
E é somente a tal radiação ionizante que pode modificar as propriedades da matéria e causar danos às células, enquanto a não ionizante, usada justamente no forno de micro-ondas, apenas tem a capacidade de causar a agitação das moléculas, aumentando a temperatura – mas sem alterar a estrutura do material.
Alteração
As micro-ondas – que, como vimos, não são perigosas –, são absorvidas apenas pelas moléculas de água da comida, que é aquecida sem sofrer mudanças significativas. Por isso, as alterações que elas causam nos alimentos não são muito diferentes daquelas provocados pelo fogo de uma churrasqueira, um fogão ou uma AirFryer. As ondas apenas aquecem a comida.
No forno convencional, a superfície dos alimentos fica crocante, mas seca, enquanto no micro-ondas eles se tornam mais úmidos. A nutricionista Renata Guirau, especialista em nutrição clínica e metabolismo da Rede Oba Hortifruti, confirma: “As alterações correspondem apenas às mudanças sensoriais, como de temperatura ou textura do alimento”, explica.
Na prática, o micro-ondas não quebra ligações químicas nem modifica a estrutura fundamental dos nutrientes. Segundo Guimarães, o que o aparelho faz é apenas tornar as fibras e proteínas mais maleáveis e digeríveis, por exemplo.
No Ar: Pampa Na Tarde