Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 26 de agosto de 2024
Cientistas encontraram níveis elevados de microplásticos em 24 cérebros humanos coletados durante autópsias feitas no início deste ano. As partículas, definidas como fragmentos de diâmetro inferior a 5 mm, responderam por, em média, 0,5% do peso dos órgãos. Além disso, a quantidade encontrada no novo estudo foi superior à de outros órgãos analisados e apresentou um “crescimento significativo” em relação à análise feita pelos pesquisadores em 2016.
“As concentrações de MNP (microplásticos nanométricos) em amostras de cérebro de falecidos variaram de 7 a 30 vezes as concentrações observadas em fígados ou rins. (…) Temos alta confiança de que os MNPs se acumulam seletivamente no cérebro, sendo a maioria particulados em escala nanométrica e em forma de fragmentos”, escreveram os autores do estudo.
O trabalho foi disponibilizado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) como pré-print, e está em processo de revisão por pares para ser publicado numa revista científica do grupo Nature.
No artigo, os cientistas da Universidade do Novo México, nos EUA, explicam que mais aprofundados trabalhos são necessários para entender a relação entre esses dados de concentração dos microplásticos e os efeitos na saúde humana.
Porém, já destacam que “os paralelos entre os dados atuais que mostram uma tendência crescente nas concentrações de MNPs no cérebro com a presença exponencial de microplásticos no meio ambiente e as crescentes taxas globais de Alzheimer e demência (…) aumentam a urgência em entender os impactos dos MNPs na saúde humana”.
Isso especialmente devido ao potencial das partículas observado em estudos de atuar no acúmulo de proteínas no cérebro ligados ao Alzheimer, como a beta-amiloide e a tau, continuam.
Alarmante
Na nova análise, os cientistas encontraram 4,806 microgramas de microplásticos por grama de tecido cerebral (μg/g), o que correspondeu a 0,48% do peso do órgão. A concentração é 57% maior do que o observado na pesquisa feita oito anos antes, em 2016, quando foi de 3,057 μg/g.
Ao jornal britânico The Guardian, o principal autor da pesquisa e professor de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Novo México, Matthew Campen, disse ser algo “bastante alarmante”: “Há muito mais plástico em nossos cérebros do que eu jamais teria imaginado ou com o qual me sentiria confortável”.
Sobre a variação em 2024 em relação à análise anterior, disse que a presença das partículas no corpo humano de fato está aumentando com o tempo e que é um fenômeno “consistente com o que se vê no meio ambiente”.
Cientistas independentes ouvidos pelo The Guardian compartilharam uma preocupação com os achados. Sedat Gündoğdu, que estuda o tema na Universidade de Cukurova, na Turquia, disse se tratar de uma “emergência global”.
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